São Paulo, Quarta-feira, 21 de Abril de 1999
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SISTEMA FINANCEIRO
Presidente do Banco Marka afirma que "não tem nada a ver" com ex-presidente do Banco Central
Cacciola nega envolvimento com Lopes

Alan Marques/Folha Imagem
O banqueiro Salvatore Alberto Cacciola chegando ao Banco Central


da Sucursal de Brasília


O dono do Banco Marka, Salvatore Alberto Cacciola, disse que não tem nada a ver com as denúncias contra o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes.
"Não tenho nada a ver com o senhor Chico Lopes. Ele que se defenda. É problema dele", disse Cacciola, antes de depor à comissão de sindicância do BC que apura suposto tráfico de informação.
O banqueiro depôs durante oito horas e, na saída, disse que dava "graças a Deus" pela "oportunidade de se explicar pela primeira vez depois de três meses sendo massacrado pela imprensa e por todos".
O advogado de Cacciola, Antônio Carlos de Almeida Castro, deu uma nova versão sobre os motivos da remessa de US$ 13 milhões que o banqueiro fez ao exterior em janeiro, quando o Marka foi socorrido pelo BC. Segundo ele, esse dinheiro será usado para pagar compromissos no exterior e no país.
O diretor de Fiscalização do BC, Luiz Carlos Alvarez, disse na semana passada que Cacciola havia apontado apenas a necessidade de honrar compromissos na Bolsa de Chicago para justificar a operação que deu origem à remessa.
Cacciola negou que o Marka tivesse contratado serviços de consultoria da empresa Macrométrica, da qual Lopes foi sócio.
Ele também afirmou que não pretende adiar seu comparecimento à CPI dos Bancos e que não fará comentários antes de depor.
O advogado argumentou que o bilhete de Cacciola para Lopes não depõe contra o banqueiro e, pelo contrário, reforça sua defesa.
Castro disse que a mensagem foi escrita quando Cacciola negociava o socorro do BC ao banco e não conseguia ser recebido por Lopes. "É um bilhete patético. Mostra uma pessoa na ante-sala da Presidência do BC, pedindo e não conseguindo ser recebido por cinco minutos", afirmou.
Segundo ele, Cacciola tirou uma cópia do bilhete no fax do BC e deu o original a um assessor de Lopes.
O advogado sustentou ainda que o fato de Cacciola ter se referido a Lopes como "Francisco" não é um sinal de que o banqueiro era próximo do ex-presidente do BC. "Os amigos do ex-presidente do BC o tratavam por "Chico"", disse ele.
Ele também afirmou que é natural que Cacciola tenha pedido a Lopes, no bilhete, que intercedesse para que o BC aceitasse socorrer oMarka com a cotação de R$ 1,25, em vez da de R$ 1,27.
"É normal que ele (Cacciola) procurasse salvar o banco. Acho que todos nós faríamos isso."
O advogado negou irregularidades na transferência para a ex-mulher que Cacciola fez da propriedade de uma casa em Angra dos Reis.


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