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ELEIÇÕES
Na análise de malufistas, motivo de candidatura é manter força eleitoral para concorrer ao governo do Estado
Pesquisa de Maluf prevê derrota em SP
KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL
Definido em pesquisa do PPB, o
objetivo principal da candidatura
de Paulo Maluf à Prefeitura de São
Paulo é sobreviver politicamente.
Fará uma campanha dura contra
os adversários a fim de tentar melhorar sua imagem, em uma espécie de "primeiro turno" da eleição
ao governo paulista de 2002. Inimigos preferenciais: PSDB e PT.
A pesquisa em que Maluf se baseou para sair candidato tem quatro conclusões principais: 1) é remota a chance de se eleger prefeito; 2) seu único ponto forte, hoje,
é segurança pública; 3) precisa falar para o eleitorado que aceita "o
rouba mas faz"; e 4) se deixasse de
disputar (o que significa defender-se das acusações de corrupção), perderia força para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes,
meta que nunca escondeu lhe interessar mais do que a prefeitura.
O trabalho foi coordenado pelo
norte-americano Mark Weiner,
que trabalha com James Carville,
marqueteiro que já fez trabalhos
anteriores para o malufismo e é
um dos responsáveis pela imagem do presidente norte-americano, Bill Clinton. Um auxiliar de
Maluf relatou à Folha os principais pontos da pesquisa.
Na verdade, foram duas pesquisas. Uma primeira, chamada qualitativa, na qual se ouvem grupos
pequenos de eleitores com perfil
definido. A partir dela, Weiner
elaborou um questionário para o
levantamento quantitativo, cujo
trabalho de campo ficou a cargo
do Instituto Vox Populi. Depois,
fez uma avaliação para Maluf e
um grupo reduzido de pepebistas.
Maluf aparece com 17% no levantamento, situação melhor do
que a aferida pelo Datafolha, que
lhe deu 13%. Weiner considera
que é difícil, mas possível, elevar
essa taxa até os 25%, o que, em tese e com sorte, daria chance a Maluf de ir para o segundo turno.
Na segunda fase da eleição, porém, perderia para Marta Suplicy
(PT) e Luiza Erundina (PSB) e até
para um candidato tucano, o vice-governador Geraldo Alckmin. Ou
seja: pode influir e atrapalhar candidatos, mas não ganhar.
O principal atributo que restou
a Maluf é o da "segurança pública". Aparece como firme, decidido e "capaz de enfrentar os bandidos". Ganha de Covas, que tem na
área o seu calcanhar-de-aquiles.
Por recomendação do marqueteiro, o eleitorado que aceita candidato "rouba mas faz" será a
prioridade do começo da campanha. Maluf deve dar argumentos a
essa fatia de eleitores (em torno de
20%) para que o defendam e tentem recuperar votos que um dia já
foram seus.
Em 1998, a campanha malufista
ao governo paulista cunhou o
"Maluf não é santo, mas faz".
Uma variação desse lema deve
nortear a propaganda de campanha, sem ser tão explícito.
O PSDB de Covas e o PT de
Marta devem sofrer bombardeio
pesado do malufismo de formas
diferentes. Maluf tentará questionar mais a honra de Covas, mas
tentará mostrar a suposta incompetência do tucano para lidar com
a segurança pública.
O PPB prepara um dossiê contra o filho do governador, Mário
Covas Jr., o Zuzinha. A idéia é tentar mostrar que não só Maluf, mas
outros políticos podem ser vítimas de uma enxurrada de acusações de corrupção. Ou seja: quer
jogar todo mundo na lama.
Maluf pretende atacar a falta de
experiência administrativa de
Marta, dizendo que o PT (e especialmente ela) não está preparado
para enfrentar os problemas que
serão herdados de Celso Pitta.
Pitta, aliás, será tratado como
um "ingrato" e "incompetente".
Maluf assumirá a culpa por tê-lo
eleito. Pedirá desculpas, dizendo
que também é uma vítima, mas
que está disposto a consertar o estrago. A abordagem do tema Pitta
já virou folclore no PPB. Brincam
que o slogan de Maluf deveria ser
"Se sujei, deixe eu limpar".
O malufismo também atirará
nas bandeiras polêmicas da ex-deputada federal Marta Suplicy,
como a união civil entre pessoas
do mesmo sexo.
A intenção é indispor Marta
com os eleitores conservadores
do centro à centro-direita.
Maluf não poupará Luiza Erudina (PSB), mas deve desferir menos ataques diretos a ela.
Disse a auxiliares que prefere
perder para a ex-prefeita do que
para o PT e o PSDB.
A campanha malufista crê que
basta fazer um paralelo entre as
duas gestões. Maluf, que governou a capital entre 1993 e 1996, sucedeu Erundina, que administrou
entre 1989 e 1992.
O ex-prefeito venderá que sua
administração continuou obras
paralisadas na gestão Erundina,
tentando mostrar que saiu do governo com índices de avaliação
superiores aos da ex-prefeita.
Coordenadores
A Folha apurou que já foram
definidos os principais coordenadores da campanha de Maluf.
Jesse Ribeiro, que cuidou das
ações de rua das últimas campanhas malufistas, acumulará essa
função com a que era exercida por
Calim Eid, pagador de despesas
de campanha. Eid morreu no ano
passado.
A arrecadação de recursos, função que Eid também desempenhava, deve ficar a cargo de Flávio
Maluf, filho do ex-prefeito, e do
empresário e especulador financeiro Naji Nahas. Maluf também
atua como arrecadador.
O ex-deputado Marcelino Machado Romano, ex-presidente do
PPB paulista, deve ser o coordenador político.
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