São Paulo, domingo, 21 de maio de 2000


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PITTAGATE
Comparação de escrita foi feita por instituto a pedido da Folha


Exame diz que grafia não deve ser de prefeito

LUCAS FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Exame grafotécnico (estudo da escrita) preliminar indica que o prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PTN), não deve ser o autor das anotações com nomes de vereadores e valores feitas na sua agenda pessoal de 97.
Na quarta-feira passada, a ex-primeira-dama Nicéa Pitta entregou a agenda à comissão da Câmara Municipal que analisa pedido de impeachment do prefeito.
Segundo a ex-mulher de Pitta, as anotações que trazem nomes de vereadores seguidos de valores foram feitas pelo prefeito.
A pedido da Folha, o Instituto Del Picchia -um dos mais renomados do país- comparou as anotações citadas por Nicéa (páginas 12, 42 e 47 da agenda) com a assinatura do prefeito em um documento oficial.
A conclusão é a de que existem "evidências veementes" de que Pitta não escreveu as anotações.
"Há evidências veementes de que os valores questionados, consignados às folhas 12, 42 e 47 da agenda que se alega de propriedade do senhor prefeito, não emanaram da lavra do referido senhor", afirmou Edson Serra, perito do instituto.
De acordo com Serra, "conclusão definitiva, categórica e escoimada de incertezas somente poderá ser estabelecida com a exibição do original, bem como coleta de material gráfico específico".
Segundo o que apurou a Folha, o Instituto Del Picchia está sendo cotado para entrar oficialmente no caso. Fundado há 70 anos, o instituto trabalhou em muitos casos famosos. Entre eles, três envolvendo questionamento sobre supostas assinaturas de presidentes (Costa e Silva, Jânio Quadros e Fernando Henrique Cardoso).

Jantar e propina
Nas anotações da agenda de Celso Pitta mencionadas por Nicéa constam nomes de quatro vereadores e quatro ex-vereadores. À frente dos nomes, estão escritos valores que segundo a ex-primeira-dama variam de R$ 60 mil a R$ 130 mil (os números, conforme disse Nicéa, aparecem sem os supostos três últimos zeros).
De acordo com a ex-primeira-dama, essas anotações seriam a "prova" de que Pitta pagou propina aos vereadores de São Paulo.
Em outro apontamento, está escrito "jantar com vereadores" e, em seguida, número que, segundo ela, indicaria R$ 1,5 milhão.
O jantar teria ocorrido no dia 20 de março -dois dias antes da votação na qual foi arquivado pedido de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal para investigar suposto desvio de dinheiro público na prefeitura.
O prefeito e os vereadores cujos nomes estão escritos na agenda negaram que tenha havido pagamento de propinas.


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