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PITTAGATE
Comparação de escrita foi feita por instituto a pedido da Folha
Exame diz que grafia não deve ser de prefeito
LUCAS FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL
Exame grafotécnico (estudo da
escrita) preliminar indica que o
prefeito de São Paulo, Celso Pitta
(PTN), não deve ser o autor das
anotações com nomes de vereadores e valores feitas na sua agenda pessoal de 97.
Na quarta-feira passada, a ex-primeira-dama Nicéa Pitta entregou a agenda à comissão da Câmara Municipal que analisa pedido de impeachment do prefeito.
Segundo a ex-mulher de Pitta,
as anotações que trazem nomes
de vereadores seguidos de valores
foram feitas pelo prefeito.
A pedido da Folha, o Instituto
Del Picchia -um dos mais renomados do país- comparou as
anotações citadas por Nicéa (páginas 12, 42 e 47 da agenda) com a
assinatura do prefeito em um documento oficial.
A conclusão é a de que existem
"evidências veementes" de que
Pitta não escreveu as anotações.
"Há evidências veementes de
que os valores questionados, consignados às folhas 12, 42 e 47 da
agenda que se alega de propriedade do senhor prefeito, não emanaram da lavra do referido senhor", afirmou Edson Serra, perito do instituto.
De acordo com Serra, "conclusão definitiva, categórica e escoimada de incertezas somente poderá ser estabelecida com a exibição do original, bem como coleta
de material gráfico específico".
Segundo o que apurou a Folha,
o Instituto Del Picchia está sendo
cotado para entrar oficialmente
no caso. Fundado há 70 anos, o
instituto trabalhou em muitos casos famosos. Entre eles, três envolvendo questionamento sobre
supostas assinaturas de presidentes (Costa e Silva, Jânio Quadros e
Fernando Henrique Cardoso).
Jantar e propina
Nas anotações da agenda de
Celso Pitta mencionadas por Nicéa constam nomes de quatro vereadores e quatro ex-vereadores.
À frente dos nomes, estão escritos
valores que segundo a ex-primeira-dama variam de R$ 60 mil a R$
130 mil (os números, conforme
disse Nicéa, aparecem sem os supostos três últimos zeros).
De acordo com a ex-primeira-dama, essas anotações seriam a
"prova" de que Pitta pagou propina aos vereadores de São Paulo.
Em outro apontamento, está escrito "jantar com vereadores" e,
em seguida, número que, segundo ela, indicaria R$ 1,5 milhão.
O jantar teria ocorrido no dia 20
de março -dois dias antes da votação na qual foi arquivado pedido de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
na Câmara Municipal para investigar suposto desvio de dinheiro
público na prefeitura.
O prefeito e os vereadores cujos
nomes estão escritos na agenda
negaram que tenha havido pagamento de propinas.
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