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GASTOS
LDO tira a obrigação de a execução orçamentária ficar registrada no Siafi, onde era fiscalizada pelos deputados
Governo procura
esconder dados
sobre Orçamento
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai perder a obrigação de informar aos parlamentares sobre como gasta o dinheiro
público. A Lei de Diretrizes Orçamentárias elaborada pelo próprio
governo retira a necessidade de a
execução orçamentária ser registrada no Siafi (Sistema Integrado
de Administração Financeira).
É pelo sistema que os deputados
podem verificar o cumprimento
do orçamento, as compras e o pagamento aos credores. Sem o registro no Siafi, os deputados não
poderiam ter visto, por exemplo,
que o dinheiro do antigo FSE
(Fundo Social de Emergência) foi
usado para comprar goiabada
cascão no governo Itamar Franco.
"Isso é uma aberração. Reflete a
falta de transparência do governo", protestou o deputado Sérgio
Miranda (PC do B-MG), da comissão de Orçamento.
O Siafi é como um livro contábil
aberto aos parlamentares. Mostra
a movimentação orçamentária, a
financeira e os repasses voluntários para as prefeituras e os Estados mediante convênios.
Estão no Siafi, por exemplo,
desde os grandes programas de
saúde até a ordem de pagamento
da compra de uma lâmpada para
algum órgão do governo.
A LDO de 2001, que traça as diretrizes para o Orçamento do próximo ano, foi enviada ao Congresso com modificação no artigo 6º.
Foi suprimida a expressão constante na LDO anterior que obrigava o registro da execução orçamentária e financeira no Siafi dos
órgãos, empresas e entidades que
recebem recursos do Tesouro.
O texto anterior do artigo trazia
uma parte que dizia: "(...) devendo a correspondente execução orçamentária e financeira ser totalmente registrada no Siafi". Foi esse o trecho suprimido na nova
versão. "A retirada da obrigatoriedade compromete a transparência, o acompanhamento e a
fiscalização da execução orçamentária", afirmou o deputado
João Fassarella (PT-MG), que integra a comissão de Orçamento.
O petista afirmou que vai tentar
repor a obrigação do registro dos
gastos na votação da LDO por
meio de emenda ao projeto. O
Congresso tem o prazo até 30 de
junho para votar a LDO, sob o risco de não poder entrar em recesso
antes de a lei ser aprovada.
A assessoria do ministro do Planejamento, Martus Tavares, informou que a obrigação de detalhar os gastos no Siafi foi retirada
da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) porque já está prevista
na Lei de Responsabilidade Fiscal,
que prevê que os gestores do governo federal, dos Estados e dos
municípios terão de detalhar os
seus gastos em relatórios bimestrais de execução financeira.
A assessoria do ministro afirmou, porém, que a LDO é um
projeto de lei que poderá ser modificado pelos parlamentares.
Colaborou Sílvia Mugnato, da Sucursal
de Brasília
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