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Corrupção não possui partido, diz procurador
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador regional da República em São Paulo, Marlon
Weichert, fez uma espécie de desabafo diante das insistentes perguntas de jornalistas ontem sobre
o envolvimento de funcionários
da atual gestão do Ministério da
Saúde em irregularidades na
compra de hemoderivados.
"A corrupção é algo que permeia todas as administrações.
Não é a cor da bandeira partidária
que modifica a realidade", disse.
O procurador afirmou que nas
compras nacionais "o dinheiro é
muito grande", equivalente "ao
orçamento de uma multinacional". "O que falta é uma política
contra isso [a corrupção], de
união de esforços", acrescentou.
Segundo o procurador, as peças-chave do esquema são os ex-integrantes da Comissão de Licitações de remédios do ministério.
Um deles, destacou, Mário Machado da Silva, que presidia processos, é datilógrafo, disse. Segundo Weichert, há indícios de que o
padrão de vida dos funcionários é
incompatível com os salários de
funcionários públicos.
Os integrantes da comissão
atuariam no ministério desde 97,
pelo menos, afirmou ainda.
O procurador de São Paulo havia investigado em 98 a licitação
1/97 da extinta Central de Medicamentos do ministério, caso que
gerou ações cíveis contra integrantes da Fundação Pró-Sangue
de São Paulo -,órgão ligado ao
governo estadual- da Fundação
do Sangue- de amparo à Pró-Sangue- e ex-dirigentes do Ministério da Saúde. São eles, respectivamente, Dalton Chamone
-procurado ontem, não se manifestou- Marcelo Pitta, preso
anteontem, e Elisaldo Carlini-
este último não foi localizado pela
reportagem, estava viajando.
Segundo Weichert, a empresa
representada por Pitta, a Cruz
Vermelha Americana, já naquela
época foi favorecida e houve denúncias de violação nos envelopes da concorrência.
As investigações subsidiaram a
Operação Vampiro- nomes de
investigados e denúncias repetem-se na licitação recente, o que
faz os procuradores acreditarem
na continuidade do esquema.
(FABIANE LEITE)
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