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"Vida é sempre arriscada", diz João Paulo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Momentos antes de decidir colocar em votação a proposta que,
se aprovada, lhe permitiria a reeleição, o presidente da Câmara
dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), ilustrou em uma frase, dita durante uma parada para
o café, a situação que vivia na noite de anteontem: "A vida é sempre
arriscada". Ontem, ele deu apenas
uma declaração informando que
o assunto está encerrado.
Aconselhado por aliados a não
confiar no quórum de 440 deputados (eram necessários 308 votos
para a aprovação da emenda),
João Paulo não quis estender o
embate que durava meses e acabou derrotado por cinco votos.
Anunciado o resultado, o deputado se reuniu com os colegas
mais próximos em seu gabinete e
permaneceu por lá até 1h da madrugada de ontem.
João Paulo e aliados comentaram sobre deputados que teriam
prometido o voto pró-reeleição e,
na última hora, mudaram de lado.
Comentou-se a atuação do secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, na virada de votos no PMDB e na bancada evangélica. O PSB e o PDT também
mereceram comentários.
Mapa feito em seu gabinete momentos antes da votação indicava
apenas 296 votos a favor. Os aliados apostavam na virada de 5 votos do PT, 5 do PFL e 2 do Prona,
somando os exatos 308 que eram
precisos. João Paulo chegou a assumir a condução da sessão para
que o vice-presidente Inocêncio
Oliveira (PFL-PE) pudesse votar.
A reunião no gabinete do presidente da Câmara terminou com
uma rodada de piadas em meio à
transmissão de jogos da Copa Libertadores. No final, as gargalhadas podiam ser ouvidas do lado
de fora. No gabinete, João Paulo
recebia os deputados servindo o
vinho chileno Concha y Toro.
Os cerca de dez deputados que
estavam no gabinete do presidente ensaiaram uma saída honrosa
para ele e o escoltaram até o carro,
em sinal de amparo. O deputado
Virgílio Guimarães (PT-MG)
anunciou na calçada: "Só tenho a
dizer uma coisa. O próximo presidente é João Paulo Cunha".
Ao deixar o gabinete, João Paulo
disse que estava "tudo tranqüilo".
Ele descartou votar novamente a
proposta de emenda constitucional que permitiria a reeleição. Na
única declaração que deu ontem,
o deputado repetiu a avaliação:
"O assunto está politicamente encerrado. (...) A vida da Câmara
continua, e as nossas também".
Apesar da aparente desistência,
alguns aliados de João Paulo afirmaram que a proposta de reeleição pode voltar a ser discutida
após as eleições municipais.
(FERNANDA KRAKOVICS E RANIER BRAGON)
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