São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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FHC não tocou no assunto em visita de 1995

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil deixou de censurar a China em razão de seu amplo prontuário em questões de direitos humanos quando, em dezembro de 1995, o então presidente Fernando Henrique Cardoso esteve em visita oficial a Pequim.
A omissão foi na época criticada por entidades de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional. Ela havia remetido um dossiê à embaixada brasileira na China, no qual relatava em detalhes casos de condenação à morte e execução de cidadãos que faziam oposição ao regime.
FHC foi ainda colocado numa posição constrangedora porque, durante sua permanência em Pequim, foi sentenciado a 14 anos de prisão o dissidente Wei Jinsheng, visto naquele país como um dos líderes da oposição democrática.
Apesar da coincidência, ele declarou que "nós nunca entramos em assuntos internos de outros países". A condenação de Wei Jinsheng fora objeto de comunicados bastante críticos de países como França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.
O jornal governamental chinês em língua inglesa "China Daily" chegou a noticiar que FHC "apoiava" a política chinesa de direitos humanos. O que o Itamaraty e o próprio presidente imediatamente negaram ser o caso. FHC disse que "não houve oportunidade" para discutir a questão com seus interlocutores chineses.
Havia uma circunstância ambígua para que circulassem essas versões contraditórias.
Segundo FHC, em contato com jornalistas que o acompanhavam, o que a China agradeceu foi a manifestação do Brasil em 1993, portanto dois anos antes, quando, em encontro das Nações Unidas, em Genebra, o Itamaraty votou contra uma proposta norte-americana que censurava abertamente o governo chinês em razão de violação aos direitos humanos.
FHC disse: "Continuamos na posição de defender os direitos humanos", mas reiterou que "nunca entramos em assuntos internos de outros países".
(JBN)


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