São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT moderado quer resolução anti-CPI

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os moderados do PT devem aprovar na reunião do Diretório Nacional uma resolução contrária à CPI dos Correios. Objetivos: levar parte dos 19 deputados que assinaram o pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito a retirar o apoio e dar um exemplo para que partidos aliados pressionem seus membros a fazê-lo. A reunião acontece neste fim de semana em São Paulo.
Para tentar compor com parte da esquerda do PT, buscando unidade num momento de crise política do governo, os moderados (cerca de 70% do partido) suavizarão o "paloccismo" do documento que será inscrito no domingo como tese para o Encontro Nacional de dezembro. A Folha apurou que o documento terá tom petista mais tradicional, com maior ênfase no social. O endosso à política de rigor fiscal e monetário do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) desagrada a radicais e até a alguns moderados.
Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diminuiu o número de ministros que viajarão com ele para a Coréia do Sul e o Japão a fim de que participem do esforço para abafar a CPI. Lula pediu ao ministro José Dirceu que assuma na prática o comando da operação, pois Aldo Rebelo (Coordenação Política) é contestado por petistas e até aliados. Se não conseguir evitar a CPI, o plano B do governo é colocar parlamentares da confiança em postos-chave para tentar ter algum controle sobre a investigação, algo difícil na prática.

Operação abafa
Se os moderados tiverem êxito na aprovação da resolução contra a CPI dos Correios, avaliam que conseguirão retirar entre 8 e 10 assinaturas das 19 dadas por deputados federais do PT. É insuficiente, mas serviria de impulso para que ministros e dirigentes dos partidos aliados ajam para retirar assinaturas. Cerca de metade dos deputados que assinaram a CPI pertencem à base de sustentação do governo no Congresso.
Até as 18h de ontem, 218 deputados federais e 49 senadores haviam assinado o requerimento. Com esse número, é possível viabilizar uma CPI mista do Congresso (deputados e senadores). O governo precisa retirar pelo menos 48 assinaturas de petistas e de aliados para impedir a CPI mista, o que não é fácil.
"A oposição tem o direito de querer a CPI. É uma estratégia legítima de fazer disputa política. Está fazendo o que o PT fez no passado. O PT, que agora participa do governo, não deve apoiar uma CPI, mas aguardar as investigações já em curso. Uma resolução nesse sentido será proposta ao Diretório Nacional", afirmou José Genoino, presidente do PT.
Ele também disse que as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) devem servir de alerta para o PT. FHC disse ver risco de crise institucional. ACM disse que Lula perde autoridade.


Texto Anterior: "Olha para minha cara pra ver se estou preocupado", diz Lula
Próximo Texto: Suplicy defende direito a assinar o pedido de CPI
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.