São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

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PAINEL

Marca pessoal
ACM deu ordem clara para que não houvesse nenhuma invasão de prédio público ontem. Fez questão de que essa fosse a marca da sua interinidade presidencial. Em outros atos, com FHC no Planalto, ocorreram invasões, mas sem feridos e com uma repressão menos violenta.

Vale tudo
A CUT pedirá às TVs imagens do ato de ontem no DF. A central diz que havia "agitadores" ligados ao candidato a governador Joaquim Roriz (PMDB) infiltrados entre os manifestantes e a PM. Objetivo: atingir o governo Cristovam Buarque (PT).

Tradição de esquerda
Houve bate-boca pesado em Brasília entre membros do PT e do PSTU, que defendia a radicalização da manifestação. O petista Genoino gritou com Lindbergh Farias (PSTU): "A palavra de ordem é ferrar o PSTU".

Custo-benefício
A forte repressão aos manifestantes que queriam entrar no Congresso acabou inflando a bola do ato de ontem em Brasília. Foi muito menos gente do que o alardeado pela CUT, mas a imprensa internacional e a nacional colheram imagens fortes.

Bateu a histeria
Tucanos estão assustados com as notícias de queda da popularidade de FHC. Acham que o governo não está apresentando respostas a temas como desemprego, seca e greve nas universidades, o que estaria se refletindo negativamente em pesquisas.

Filme antigo
Em almoço, integrantes da Executiva do PSDB decidiram ontem procurar FHC para conversa olho no olho. É a enésima vez que decidem isso, mas alegam que falar com Clóvis Carvalho (Casa Civil) sobre questões sociais e nada é a mesma coisa.

Carta fora do baralho
Tasso Jereissati avisou os tucanos que não troca o governo do Ceará pela presidência do PSDB. Teo Vilela confirmou que vai disputar o governo de Alagoas. Pimenta da Veiga é o favorito para dirigir o partido, mas já há quem fale em Marcello Alencar.

Quebrou o combinado
Causou furor na Sudene o fato de Padilha ter anunciado que os Transportes gerariam 46 mil empregos na área da seca. Há orientação de FHC para prestigiar a Sudene. Amadeo (Trabalho), por exemplo, pediu e recebeu autorização para divulgar que haverá mais uma parcela do seguro-desemprego na região.

Enquadrada federal
Depois de ler nos jornais deboche de Paulo Maluf sobre a capacidade de FHC transferir votos, ACM ligou para o pepebista e ameaçou esculhambá-lo em entrevista caso não recuasse. Rapidamente, Maluf procurou a imprensa para elogiar o presidente.

PPB em segundo plano
Pepebistas que viram um Maluf atônito com a dura de ACM se convenceram de que o grau da relação entre o presidente e o senador mudou para melhor. Antes, diziam, o pefelista não perdia chance de alfinetar FHC.

Encosto bravo
Depois do incêndio que devastou boa parte do seu território, Roraima está às voltas com outra praga: a larva curuquerê, que ameaça acabar com o que sobrou das plantações no Estado.

Tudo pela aparência
A uma platéia de ONGs em Viena, João Pedro Stedile disse ontem que, até hoje, FHC só fez um pedido ao MST: "Não falem mal do meu governo no exterior", teria dito o presidente.

Pisando em ovos
Expert em eleição, Sarney tem dito a amigos que FHC deve tomar muito cuidado: qualquer turbulência pode mudar o jogo da sucessão e provocar o 2º turno. Em 94, Roseana não levou o governo do Maranhão no 1º turno por apenas 0,43% dos votos.

Único jeito
Cláudia Costin, secretária-executiva da Administração, sugeriu ao colega Paulo Jobim (Indústria e Comércio) que pedisse verba ao BID para ampliar o Fácil, programa de registro num só dia de pequenas empresas que visitou e que há apenas no DF.

TIROTEIO

Do tucano Serra (Saúde), sobre Maluf ter desprezado a força eleitoral de FHC na eleição para o governo de São Paulo:
- O Maluf é o político mais derrotado do país. Perdeu duas vezes para governador, uma vez para prefeito e uma vez para presidente (em eleições diretas).

CONTRAPONTO

Candidatura sem fôlego
Nas eleições de 78, José Meira, um estudante de medicina da Universidade Federal da Bahia, resolveu se candidatar a vereador em Rio do Antônio.
Durante a campanha, decidiu imitar Chico Pinto, seu ídolo e líder político, candidato a deputado federal pelo MDB.
Chico Pinto sempre começava seus comícios assim:
- Vocês são uns ladrões! Ladrões! Cambada de ladrões...
Quando o povo começava a se agitar, Pinto completava:
- ...roubaram meu coração!
Era um sucesso.
No primeiro comício, Meira tentou imitá-lo:
- Ladrões! Cambada de ladrões...
O problema é que, depois de dizer isso, se emocionou, ficou vermelho, e sua voz sumiu.
Após instantes, ele recomeçou:
- Ladrões...ladrões...
Não conseguiu dizer mais nada. O público começou a vaiar, e ele teve que sair do palanque. Foi o fim da candidatura.



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