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PROTESTO
PM de governo petista reage a tentativa de invasão com bombas, e manifestantes revidam com pedaços de grade
Confronto em Brasília deixa 22 feridos
Folha e do enviado especial
Participantes
da Jornada Nacional por Emprego e Direitos
Sociais entraram ontem em
confronto com
a Polícia Militar, no pior conflito
ocorrido no governo Fernando
Henrique Cardoso em Brasília.
Pelos menos 20 manifestantes e 2
PMs ficaram feridos. O confronto
durou cerca de 40 minutos e envolveu, no seu auge, cerca de 200
manifestantes e 300 policiais.
O confronto começou às 15h25,
quando cerca de dez manifestantes derrubaram as grades de proteção colocadas em frente ao gramado do Congresso Nacional. Entre
eles estavam militantes do PC do
B, do PSTU, da Corrente Sindical
Classista e do MNLM (Movimento
Nacional de Luta por Moradia).
Os feridos foram atendidos nos
postos médicos da Câmara dos
Deputados e do Senado e pelo
Hospital de Base de Brasília.
Quando as grades de proteção
foram derrubadas, a tropa de choque chegou e começou a disparar
bombas de efeito moral, balas de
borracha e granadas de gás lacrimogêneo. Os militantes arrancaram, então, pedaços das grades e
os atiraram sobre os policiais.
Ao todo, a jornada reuniu 20 mil
manifestantes, segundo a PM. Os
organizadores falaram em 25 mil
pessoas. O esquema de segurança,
montado pelo governo do Distrito
Federal -que é chefiado pelo petista Cristovam Buarque-, contou com 540 policiais na Esplanada dos Ministérios.
Até o fim da tarde, um policial,
atingido na cabeça por uma barra
de ferro, permanecia em observação no posto médico da Câmara.
Os demais atendidos haviam sido
liberados depois de medicados.
No Hospital de Base de Brasília,
onde 11 feridos foram atendidos,
apenas o professor Iremar Gomes
Leite permanecia hospitalizado
ontem à noite. Ele corre o risco de
perder a visão.
Prisões
A Secretaria da Segurança Pública informou ontem, às 18h, que
três pessoas haviam sido detidas
por estarem embriagadas e tumultuando a manifestação. Elas teriam sido liberadas depois de passar a embriaguez.
Houve apenas uma prisão. Um
menor, de 15 anos, vindo de Araxá
(MG), foi preso em flagrante por
portar bombas de fabricação caseira. Até o início da noite, ele
aguardava um responsável para
ser encaminhado ao Juizado da
Infância e da Adolescência.
O menor disse, em depoimento,
que havia sido recrutado pelo
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de Araxá.
Ele e outras cerca de cem pessoas
vieram em dois ônibus onde haveria "pedras, porretes e coquetéis
molotov (bombas)".
Cavalaria
O presidente nacional da CUT,
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e vários parlamentares do PT
e do PC do B se colocaram entre os
manifestantes e a polícia, numa
tentativa de acabar com o conflito.
Não tiveram sucesso.
A polícia avançava sobre grupos
de manifestantes sempre que
identificava um foco de tumulto.
Os militantes passaram a ocupar
também o eixo monumental, em
frente ao Ministério da Justiça, de
onde atiravam objetos nos PMs.
A cavalaria e um carro Brucutu
avançaram pela avenida, tentando
dispersar o grupo. Cerca de dez
"punks" lideraram o enfrentamento com os policiais. Um deles
baixou as calças, provocando novos disparos de bombas de gás. Foi
jogado um coquetel molotov próximo à tropa de choque, mas o fogo não atingiu ninguém.
O presidente da CUT do DF, José
Zunga, tentou proteger um militante que era perseguido por PMs
e foi golpeado com cassetete. Com
dificuldades de respirar, Zunga ficou estirado no chão e saiu carregado por militantes da CUT.
Durante o conflito, alguns policiais desembainharam os sabres e
golpearam pessoas que resistiam
ao avanço dos cavalos. Os militantes tentaram impedir a ação da polícia, jogando pedras, pedaços de
pau e latas de refrigerantes.
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