São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

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SÃO PAULO
Ex-prefeito desistiu da Presidência ao fechar apoio desejado por Covas
Acordo de Maluf com FHC incluiu a aliança PPB-PFL

PATRICIA ZORZAN
da Reportagem Local

Um dia depois de oficializar publicamente a adesão do PFL a seu nome, o pré-candidato do PPB ao governo de São Paulo, Paulo Maluf, afirmou que a coligação entre os dois partidos foi a condição imposta para que ele desistisse da disputa pela Presidência da República e apoiasse Fernando Henrique Cardoso.
"O almoço (com os pefelistas) foi, na realidade, (o resultado) de um período de um ano e um mês de maturação política que começou com meu compromisso de apoiar FHC", declarou Maluf ontem à Folha.
Segundo o ex-prefeito, o acordo foi acertado com a cúpula nacional do PFL e referendado pelo presidente da República na série de encontros que o pepebista manteve com FHC a partir de junho.
"O projeto de união nacional entre PFL-PPB-PSDB passava pelo meu apoio à candidatura Fernando Henrique e não pelo apoio dele à minha. Eu pediria votos para ele na TV, desde que, evidentemente, o curso natural das coisas não fosse interrompido", disse o ex-prefeito, referindo-se à coligação entre pefelistas e pepebistas que elegeu, em 1996, o prefeito paulistano, Celso Pitta.
"A coligação iria ser reproduzida em 98 e haveria o meu compromisso pessoal de apoiar a candidatura de Fernando Henrique em São Paulo", completou.
O assunto foi o tema da conversa entre Maluf e FHC no dia 16 de junho, no Palácio da Alvorada.
Primeiro encontro entre os dois desde o início da tramitação da emenda da reeleição -tratada pelo ex-prefeito durante a campanha eleitoral de 96 como um "casuísmo"-, o jantar de aproximação provocou uma crise entre o presidente e o PSDB paulista.
"Surgiu o jantar e a pauta já estava previamente combinada com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). O curso natural do entendimento PFL-PPB não seria atrapalhado e eu desistiria da minha candidatura à Presidência", explicou Maluf.
O pepebista afirmou que a neutralidade de Fernando Henrique na disputa pelo governo de São Paulo não fez parte do acordo, mas admitiu que uma eventual interferência do presidente no processo poderia causar embaraços.
"Ele pode pedir votos para o (governador) Mário Covas. Mas é evidente que, se ele tem o apoio, segundo o Datafolha, de alguém que tem 29% (Maluf) dos votos e de outro que tem 19% (Covas), por que ele iria melindrar o eleitor malufista que quer votar nele?"
Conforme o ex-prefeito, o acordo começou a ser discutido em abril de 97, durante um jantar em Lisboa com o então presidente licenciado do PFL, embaixador Jorge Bornhausen.
Depois de três horas de conversa, os dois líderes avaliaram que a candidatura de Maluf à Presidência da República perdera força eleitoral com a reeleição. "Mas, no caso de São Paulo, estávamos muito fortalecidos com os resultados eleitorais recentes."
O ex-prefeito afirmou que pedirá votos pessoalmente para Fernando Henrique. "Se ele fizer um comício em São Paulo, estarei presente. Não há problema se o Covas também estiver. Estaremos lá, de maneira educada e democrática, pedindo votos para FHC."
A declaração foi feita um dia depois de o ex-prefeito ter afirmado que FHC não havia sido "eficiente" na transferência de votos para o candidato tucano à prefeitura paulistana em 96.
Ontem em Mauá, Maluf prometeu que o PPB fechará questão contra a prorrogação da CPMF (imposto sobre o cheque), caso seus recursos não sejam enviados diretamente para os hospitais.



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