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SISTEMA FINANCEIRO
42% das maiores instituições usam brechas legais, diz Receita
Grandes bancos deixam de
pagar o Imposto de Renda
DENISE CHRISPIM MARIN
DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília
Das 66 maiores maiores instituições financeiras do país,
42% (28) não
pagaram Imposto de Renda
em 97. A informação foi apresentada pelo secretário da Receita Federal, Everardo
Maciel, à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bancos.
O secretário disse ainda que 34%
dos tributos declarados por empresas brasileiras estão com a cobrança suspensa graças a liminares
obtidas na Justiça. Os dados foram
citados para exemplificar como
grandes bancos usam brechas legais para escapar da tributação.
O secretário preferiu usar o termo "elisão fiscal" em vez de sonegação, já que a prática das empresas tem base legal. "O bodegueiro
da esquina paga seus impostos e
quase a metade dos grandes bancos não paga. É um escândalo",
afirmou o líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA).
Everardo Maciel disse ainda que
R$ 825 bilhões que circulam na
economia a cada ano não são capturados pela tributação. A estimativa leva em conta a base de cálculo
da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), de R$ 4,165 trilhões. "Aí é que
está a informalidade, a sonegação,
a elisão (supressão) fiscal", disse o
secretário, ao depor ontem na CPI.
Antes do depoimento, Maciel
participou de uma reunião reservada com a cúpula da CPI e com o
presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA).
Segundo Jader, acertou-se que a
CPI vai fornecer à Receita os extratos bancários das pessoas e empresas investigadas. Com isso, técnicos da Receita poderão buscar de
eventuais indícios de sonegação.
Maciel aproveitou o depoimento
para fazer uma nova defesa do fim
do sigilo bancário para trabalhos
de fiscalização tributária. Atualmente, a Receita não pode ter acesso aos dados bancários dos contribuintes para checar se as informações declaradas são corretas.
Ele também defendeu o estabelecimento de um prazo máximo de
90 dias para o julgamento de liminares que suspendem o pagamento de impostos, citando casos que
postergaram por até dez anos a
quitação de tributos. "As liminares
são o principal instrumento de
erosão da base tributária", disse.
O secretário afirmou que empresas estrangeiras que compraram
estatais estão se valendo de brechas na legislação para deduzir dos
impostos a pagar os custos financeiros de empréstimos no exterior.
Por esse mecanismo, estão ocorrendo remessas de capital para
matrizes no exterior com isenção
do Imposto de Renda, a título de
pagamento de empréstimos.
Repetindo o discurso que fez na
comissão especial da reforma tributária, Maciel propôs a criação de
um imposto mínimo para as empresas. Para ele, isso evitaria que as
pessoas jurídicas deixassem de pagar tributos alegando prejuízos.
"É uma coisa incrível no Brasil.
Os lucros das empresas sempre
equivalem aos prejuízos. Eu não
consigo entender como as empresas crescem com tantos prejuízos."
Segundo Maciel, os prejuízos
acumulados pelas empresas somam R$ 183 bilhões -R$ 23 bilhões entre as instituições financeiras. Ele pode ser chamado novamente a depor na CPI, agora em
sessão fechada.
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