São Paulo, Sexta-feira, 21 de Maio de 1999
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CPI DA TELEFÔNICA
Dória depõe em comissão
Ex-presidente da Telesp vê imprudência

RICARDO GALHARDO
da Reportagem Local

O ex-presidente da Telesp (Telecomunicações de São Paulo) e deputado federal Carlos Eduardo Sampaio Dória (PSDB) disse ontem à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Telefônica na Assembléia Legislativa que as falhas no sistema de telefonia decorrem da "imprudência" da empresa e não da falta de infraestrutura.
O depoimento de Dória levou o presidente da CPI, Edson Aparecido (PSDB), a incluir na pauta da comissão um pedido para que o presidente da Telefônica, Fernando Xavier, e o presidente da Telesp Participações, Manuel Gacia Garcia, sejam convidados a depor novamente.
"Consideramos oficiais as informações dadas pelo deputado Dória e, como elas contradizem o depoimento do presidente da Telefônica, vamos ouvir a empresa novamente", disse Aparecido.
Para o relator da CPI, Jilmar Tatto (PT), as contradições dizem respeito ao peso das demissões, reestruturação interna e terceirizações na deterioração dos serviços e aos contratos e investimentos feitos pela Telefônica. "Alguém está mentindo", disse Tatto.
Na opinião de Dória, o principal motivo para a deterioração da telefonia no Estado foi a decisão da Telefônica em fazer uma reestruturação interna, trocando técnicos e gerentes brasileiros por profissionais espanhóis, no momento em que deveria direcionar esforços para o cumprimento dos prazos estabelecidos pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Dória contestou as explicações dadas à CPI pelo presidente da Telefônica, Fernando Xavier, de que um dos motivos pela queda de qualidade do serviço seja a falta de infraestrutura. "Apesar dos cortes orçamentários que sofremos, demos prioridade total à rede básica (que possibilita a expansão da rede fixa e da banda B celular). Isso foi uma determinação do ex-ministro Sérgio Motta (Comunicações, morto em abril de 98) e do próprio Xavier, quando era presidente da Telebrás", disse o deputado.
Xavier, que também foi o último presidente da Telesp, disse que herdou uma rede arcaica.
Segundo Dória, que presidiu a Telesp de 95 a 98, até agora a Telefônica "se limitou a finalizar o trabalho iniciado pela estatal". "Todos os investimentos e contratos para expansão da rede foram feitos pela estatal", afirmou.
Xavier havia dito que a empresa financiou os investimentos para expansão da rede.
"Não haveria degradação do sistema se a empresa tivesse mais cuidado. Sabemos que a Telefônica pode exercer uma relação mais respeitosa e menos pedante e truculenta em relação à sociedade", afirmou Dória.
O advogado da Telefônica Domingos Refinetti disse que os representantes da empresa estão à disposição da CPI para novos depoimentos e rejeitou as críticas de Dória. "São conjecturas", disse. Ele destacou os pontos "positivos" do depoimento. "Dória admitiu que a empresa estava "amarrada" para fazer investimentos devido à burocracia estatal", afirmou o advogado. Segundo Refinetti, Dória está "um pouco magoado" por ver que o modelo no qual trabalhou fou mudado.

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