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CPI DA TELEFÔNICA
Dória depõe em comissão
Ex-presidente da Telesp vê imprudência
RICARDO GALHARDO
da Reportagem Local
O ex-presidente da Telesp (Telecomunicações de São Paulo) e deputado federal Carlos Eduardo
Sampaio Dória (PSDB) disse ontem à CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) da Telefônica na Assembléia Legislativa que as falhas
no sistema de telefonia decorrem
da "imprudência" da empresa e
não da falta de infraestrutura.
O depoimento de Dória levou o
presidente da CPI, Edson Aparecido (PSDB), a incluir na pauta da
comissão um pedido para que o
presidente da Telefônica, Fernando Xavier, e o presidente da Telesp
Participações, Manuel Gacia Garcia, sejam convidados a depor novamente.
"Consideramos oficiais as informações dadas pelo deputado Dória e, como elas contradizem o depoimento do presidente da Telefônica, vamos ouvir a empresa novamente", disse Aparecido.
Para o relator da CPI, Jilmar Tatto (PT), as contradições dizem respeito ao peso das demissões, reestruturação interna e terceirizações
na deterioração dos serviços e aos
contratos e investimentos feitos
pela Telefônica. "Alguém está
mentindo", disse Tatto.
Na opinião de Dória, o principal
motivo para a deterioração da telefonia no Estado foi a decisão da Telefônica em fazer uma reestruturação interna, trocando técnicos e
gerentes brasileiros por profissionais espanhóis, no momento em
que deveria direcionar esforços
para o cumprimento dos prazos
estabelecidos pela Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações).
Dória contestou as explicações
dadas à CPI pelo presidente da Telefônica, Fernando Xavier, de que
um dos motivos pela queda de
qualidade do serviço seja a falta de
infraestrutura. "Apesar dos cortes
orçamentários que sofremos, demos prioridade total à rede básica
(que possibilita a expansão da rede
fixa e da banda B celular). Isso foi
uma determinação do ex-ministro
Sérgio Motta (Comunicações,
morto em abril de 98) e do próprio
Xavier, quando era presidente da
Telebrás", disse o deputado.
Xavier, que também foi o último
presidente da Telesp, disse que
herdou uma rede arcaica.
Segundo Dória, que presidiu a
Telesp de 95 a 98, até agora a Telefônica "se limitou a finalizar o trabalho iniciado pela estatal". "Todos os investimentos e contratos
para expansão da rede foram feitos
pela estatal", afirmou.
Xavier havia dito que a empresa
financiou os investimentos para
expansão da rede.
"Não haveria degradação do sistema se a empresa tivesse mais cuidado. Sabemos que a Telefônica
pode exercer uma relação mais
respeitosa e menos pedante e truculenta em relação à sociedade",
afirmou Dória.
O advogado da Telefônica Domingos Refinetti disse que os representantes da empresa estão à
disposição da CPI para novos depoimentos e rejeitou as críticas de
Dória. "São conjecturas", disse. Ele
destacou os pontos "positivos" do
depoimento. "Dória admitiu que a
empresa estava "amarrada" para fazer investimentos devido à burocracia estatal", afirmou o advogado. Segundo Refinetti, Dória está
"um pouco magoado" por ver que
o modelo no qual trabalhou fou
mudado.
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