São Paulo, Sexta-feira, 21 de Maio de 1999
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SP
Presidente da CDHU teria ganho carro da empresa
Empresário faz denúncia contra Hama

MALU GASPAR
da Reportagem Local

Arnaldo Rodrigues dos Santos, ex-vice-presidente da empresa Transbraçal, entregou ontem ao Ministério Público cópias de faturas que, segundo ele, comprovam que o presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), Goro Hama, recebeu um Passat alemão no valor de R$ 37.500 em troca da contratação de uma empresa do mesmo grupo para uma obra.
Segundo Santos, até 1995 a Transbraçal pagava cerca de cem carros por ano a políticos ligados a administrações municipais e ao governo do Estado de São Paulo.
Santos vem denunciando contratos irregulares da Transbraçal com prefeituras, entre elas a de São Paulo, que teria beneficiado a empresa e pelo menos outras cinco do mesmo grupo.
Ontem, ele afirmou ao Ministério Público que as empresas do grupo têm também ligações com o governo estadual, por meio de empresas como a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) e a CDHU.

Fraude
Segundo Santos, depois que Goro Hama assumiu a presidência da CDHU, as empresas ligadas à Transbraçal começaram a ganhar contratos. Um deles, para a construção de 540 apartamentos em Itaquaquecetuba, foi assinado em 95 com a empresa Severo e Villares Projetos de Construções.
Em maio daquele ano, o Passat foi faturado em nome de Lia Hama, mulher do presidente da CDHU.
Santos afirmou que o presidente da CDHU havia comprado, em 91, uma fatura de consórcio da concessionária Sopave, também ligada à Transbraçal. A fatura foi cancelada em 93 por inadimplência.
Em 95, depois da aprovação do contrato com a Severo e Villares, a Sopave faturou o carro para a cota que havia sido cancelada e realizou a quitação em 97.
Santos disse que tudo foi uma fraude, que ele mesmo assinou a fatura e que a Transbraçal pagou o carro de Hama.
O ex-vice presidente é genro do fundador das empresas, Geraldo José da Silva, morto em 95. Ele ficou na Transbraçal de 1981 a 1995.
De acordo com o Ministério Público, ele sofre vários processos sob acusação de estelionato e chegou a ter uma condenação de prisão que, posteriormente, foi revogada. Ele afirma que esses processos são fruto de perseguição da família de sua ex-mulher, dona das empresas.


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