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NARCOTRÁFICO
CPI investiga suposto envolvimento dos políticos com traficantes
Ex-governador e deputado
do AC têm sigilo quebrado
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
A CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) do Narcotráfico aprovou ontem a quebra dos sigilos
bancário, fiscal e telefônico do ex-governador do Acre Orleir Cameli
e do deputado Hildebrando Pascoal (PFL-AC) por suposto envolvimento com traficantes.
Durante depoimento na CPI, o
ministro da Justiça, Renan Calheiros, defendeu prisão perpétua para
os traficantes de drogas. "Eu defendo, apesar de saber das dificuldades para aprovar isso na Constituição", disse ele.
Também foi aprovada a convocação do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro. Ele foi
acusado de retardar denúncias à
Justiça contra Cameli e Hildebrando com base em inquéritos conduzidos no Acre por procuradores da
República e pela Polícia Federal.
Grupo de extermínio
A pedido da CPI, Calheiros irá
mandar ao Acre o delegado Jones
Leite e 15 agentes federais para investigar as ligações dos políticos
com o narcotráfico. No ano passado, a PF apurou supostas ligações
de Hildebrando com grupo de extermínio que teria praticado 30
mortes no Estado.
O procurador da República Luiz
Francisco de Souza, responsável
por investigações sobre Cameli e
Hildebrando, defendeu a quebra
do sigilo dos envolvidos e criticou
Brindeiro por nunca ter tomado tal
medida. "Há com o dr. Brindeiro
dois metros de altura de relatórios
contra Orleir e um metro e meio de
relatórios contra Hildebrando."
Segundo ele, desde 97 Brindeiro
fez apenas duas denúncias contra
Cameli em nove inquéritos encaminhados. Disse que contra o deputado foi feita apenas uma denúncia. "Fizemos nosso trabalho,
mas é atribuição do procurador-geral denunciar governador e deputado", afirmou Souza.
Brindeiro não foi localizado ontem para comentar a decisão da
CPI porque estava viajando de Recife para São Paulo.
Segundo Souza, Cameli foi acusado em 90 de ter incentivado em
terras indígenas no Acre o plantio
de epadu, planta da qual se extrai
substância semelhante à cocaína.
O procurador afirmou que uma
das quatro testemunhas ouvidas
pela PF sobre supostas relações de
traficantes com Hildebrando disse
que o deputado distribuiu cocaína
a eleitores viciados em drogas.
Souza fez as acusações levantando a mão em direção a Hildebrando, que acompanhou o depoimento. "Eu autorizo a quebra do meu
sigilo", reagiu o deputado. "Esse
procurador é irresponsável, e duvido que provem que eu tenha envolvimento com narcotráfico ou
grupo de extermínio", disse ele.
A quebra do sigilo envolve ainda
a mulher do ex-governador, Beatriz, seus irmãos Francisco e Eládio
e empresas da família.
Cameli também não foi encontrado ontem no Acre.
Foi quebrado também o sigilo de
dois dos irmãos de Hildebrando,
Pedro e Silas, e do primo Aureliano
Pascoal. Eles são membros da Polícia Militar do Acre, da qual o deputado é coronel reformado.
Outra decisão da CPI foi encaminhar as acusações feitas contra
Hildebrando para a Mesa da Câmara para a eventual instalação de
procedimento com a finalidade de
cassar o mandato do deputado.
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