São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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PT SOB SUSPEITA

No Congresso, governistas descartam investigação de denúncias

Santo André aprova CPI; Marta abafa comissões

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Câmara Municipal de Santo André aprovou ontem, por unanimidade, a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias de cobrança de propina de empresários da cidade em benefício de campanhas eleitorais do PT. A iniciativa partiu da bancada petista e dos partidos de sustentação da administração, que tem maioria na casa. A líder do PT na Câmara Municipal, Ivete Garcia, informou que o recesso de julho será suspenso para que as investigações sejam aceleradas.
Em São Paulo, uma manobra dos governistas impediu que o suposto envolvimento da administração Marta Suplicy (PT) com o esquema de cobrança de propina fosse alvo de uma investigação da Câmara Municipal de SP.
Ontem, o vereador Gilberto Natalini (PSDB) havia pedido uma CPI para investigar o caso, mas um acordo entre os líderes de bancadas permitiu que fossem aprovadas quatro novas comissões que não comprometem a atual administração. "Acho que o PT está se atolando em denúncias e lutando para que elas não sejam investigadas, esse pode ser um caminho sem volta."
A criação das CPIs era necessária porque outras quatro já tinham sido concluídas. Havia mais de 40 pedidos de novas CPIs na Casa, mas o regimento interno da Câmara permite apenas cinco comissões simultâneas.
O acordo entre os líderes possibilitou que fosse criada a CPI da Máfia dos Fiscais, que vai investigar novas denúncias de corrupção envolvendo fiscais da Administração Regional da Sé. A presidência da comissão ficou com João Antônio (PT).
Foram criadas também as CPIs da Operação Urbana Faria Lima, uma nova CPI da Dívida Pública do município (é a terceira comissão sobre o tema em menos de dois anos) e uma comissão para investigar a evasão de ISS (Imposto sobre Serviços) em São Paulo.
A presidência de todas as CPIs criadas ficará nas mãos de membros da bancada governista.
Foram rejeitados os requerimentos de abertura de CPIs para investigar as Grandes Obras das gestões Paulo Maluf (PPB) e Celso Pitta (PSL) e de irregularidades do sistema de transporte urbano, ambos propostos pelo PSDB.

Congresso
Governistas reagiram com cautela às denúncias contra o PT: evitaram dar conotação política ao episódio e descartaram a instalação de CPI, mas não disfarçaram satisfação com o envolvimento do partido no episódio.
"Confesso que estou me divertindo", disse Arnaldo Madeira (PSDB-SP), líder do governo na Câmara: "O PT está tomando o remédio que sempre pregou para os outros. O feitiço virou contra o feiticeiro. Não quero tripudiar. O Ministério Público deve apurar".
O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), disse que o partido não agirá da mesma forma que o PT faria se a denúncia fosse contra o PSDB: "Se isso fosse com outro partido, com o presidente de outro partido, o PT estaria pedindo CPI, Conselho de Ética, cassação. Eles têm de ter mais cuidado com a honra dos outros".


Colaboraram a Reportagem Local e a Sucursal de Brasília


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