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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Presidente participava da posse do novo advogado-geral
FHC diz que está "na mão"
de Gilmar Mendes no STF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso, ao discursar ontem
na posse do novo advogado-geral
da União, José Bonifácio Borges
de Andrada, 45, no Palácio do Planalto, brincou com o fato de Gilmar Mendes, que ocupava o cargo, ir para o STF (Supremo Tribunal Federal). "Felicito entusiasticamente os dois: ao que se vai -e
agora eu fico na mão dele, juntamente com todos os outros ministros do STF-, e ao que fica, este ainda está na minha mão."
Mendes, que tomou posse no
STF ontem à tarde, é conhecido
especialmente por participar da
elaboração de medidas provisórias polêmicas, defender com veemência teses governistas e protagonizar bate-bocas com membros do Judiciário e do Ministério
Público Federal e com advogados.
No discurso, FHC elogiou Mendes e Bonifácio Andrada -que é
filho de seu amigo, o deputado
Bonifácio Andrada (PSDB-MG).
Apesar da brincadeira do presidente, Andrada disse que a defesa
do governo não será facilitada pela presença de Mendes no STF.
"Nos casos em que o Gilmar Mendes se encontrar impedido de julgar, o tribunal se mantém na mesma composição. Nos outros casos, agirá com a mesma isenção
que agem todos os demais magistrados." Para Andrada, as prioridades da AGU nos últimos seis
meses de governo FHC serão as
ações de inconstitucionalidade,
principalmente a que vai tratar da
retirada do prazo de 90 dias para a
cobrança da CPMF.
"Temos algumas questões iminentes, que podem surgir no STF,
que são as Adins, e algumas
emendas recentes que foram
aprovadas no Congresso Nacional", disse o advogado-geral.
O discurso de estréia de Bonifácio Andrada foi permeado de referências bélicas. Ele avisou que a
linha será de continuidade do "espírito combativo" de seu antecessor. "A CPMF talvez seja o primeiro embate", afirmou.
"O que vai"
Três horas antes de tomar assumir como ministro do STF, Gilmar Mendes, 46, que participava a
cerimônia de posse de seu substituto na AGU, criticou a oposição
ao governo, particularmente a
prática de mover ações contra o
poder público. Ele definiu essa
prática como "cultura espúria e
antidemocrática que, originada
na ideologia totalitária de certas
correntes políticas, espraia-se pela imprensa e pela sociedade".
Mendes disse que "a oposição a
todo e qualquer ato estatal" é admissível em governos autoritários, e não numa democracia.
"Em um Estado democrático de
Direito, essa atitude não pode
subsistir, sob pena de ofender o
próprio interesse público."
Cerca de 2.000 pessoas estiveram na posse dele no STF, entre
eles, ministros e governadores. O
vice-presidente Marco Maciel representou FHC. Natural de Diamantino (MT), Mendes recebeu
os cumprimentos ao lado dos filhos, Laura e Francisco.
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