São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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NO AR

Quinta-feira negra

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

A pesquisa do Ibope foi noticiada com maestria no início da tarde, na Globo:
- José Serra, do PSDB, tinha 16%, passou para 19% e manteve o mesmo número.
Mas a constatação era uma só: as semanas correm e Serra não sai do lugar.
E foi assim que se fez a quinta-feira negra -expressão usada por Boris Casoy.
Ao menos foi assim que avaliou, entre outros, o site da Globo. A Bolsa abriu com alta, mas "despencou depois da divulgação da pesquisa, que não mostrou mudanças".
E não ficou nisso. A manchete do Jornal da Record:
- Moody's rebaixa o Brasil. Dólar sobe 2,5%. E o risco país ultrapassa o da Nigéria.
Até a agência de classificação Moody's justificou-se com a campanha eleitoral, que estaria provocando "incerteza" nos investidores.
Para além do Ibope, havia na quinta-feira negra a sombra da aliança do PT com o PL, de José Alencar.
Foi sair a aliança para uma denúncia "vazar", expressão do próprio autor. João Francisco Daniel, se explicando:
- Esse processo era para ficar em sigilo, mas como houve vazamento... Como cidadão, eu tenho o dever de informar ao povo brasileiro que o PT nada difere dos outros partidos.
A acusação foi destaque por toda parte. Ouviu-se no Jornal Nacional, por exemplo, o promotor dizer que "as provas neste caso são contundentes" -embora ele só tenha mencionado depoimentos.
O vice por quem Lula tanto lutou, José Alencar, saiu-se bem no teste da primeira denúncia. Clamou, na Jovem Pan:
- Não tem o menor sentido. Todos conhecem o Lula. O Lula disputou três eleições e é uma liderança há 22 anos, desde que fundou o partido, e antes já era uma liderança sindical respeitável. Não há um arranhão nem moral nem ético na vida do Lula. O Lula é um modelo em termos de comportamento. Eu não admito que haja isso, de forma nenhuma.
Nada mal, para o primeiro dia de um vice. Um vice que ainda traz com ele parte de Minas. Até Aécio Neves.
O tucano, depois de chamar José Alencar de "digno, correto, de enorme respeitabilidade", saiu-se com esta, sobre a denúncia contra o PT:
- Sou adepto do fim do denuncismo infundado. O Brasil perde muito quando o tempo que poderia estar sendo usado no debate de idéias é usado para a troca de denúncias.
Para encerrar:
- Sou da corrente que não advoga o terrorismo.



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