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São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

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VIAGEM À AMÉRICA

Presidente americano diz que ligação entre os dois países é "vital"

Relações Brasil-EUA têm de ser sinceras, diz Lula a Bush

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush durante encontro no Salão Oval da Casa Branca, ontem de manhã


FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

ROBERTO DIAS
EM WASHINGTON

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na Casa Branca, que a relação entre os dois países ""ainda pode surpreender o mundo" e que ela não deve ser ""apenas um jogo de cena para a imprensa do mundo inteiro".
""As relações têm de ser feitas com base na sinceridade das pessoas, na confiabilidade dos dirigentes. Eu aprendi na minha vida a tratar as pessoas a partir da relação de confiança", afirmou Lula a Bush logo no início do encontro, durante pronunciamentos formais dirigidos aos jornalistas.
Em seguida, Lula convidou o colega norte-americano para visitar o Brasil. ""Espero que, logo logo, tenhamos um encontro no Brasil para que o presidente Bush tenha a dimensão de que o Brasil, além do Carnaval, além do futebol, tem coisas maravilhosas."
Bush definiu como ""vital" e ""sempre crescente" a relação entre Brasil e Estados Unidos e afirmou que Lula tem ""um grande coração".
""Posso dizer também que, do ponto de vista pessoal, eu estou muito impressionado com a visão que tem o presidente do Brasil. É um homem que, sem dúvida, preocupa-se muito com todo o povo do Brasil", disse Bush.
Os pronunciamentos dos dois presidentes foram proferidos no Salão Oval da Casa Branca logo após o início do encontro, às 10h50 (11h50 em Brasília).
Bush falou primeiro, sentado à direita e voltado para Lula em um tom descontraído e animado. O presidente brasileiro esteve atento a cada palavra do tradutor inglês-português.
Na sequência, Lula, com um ar um pouco cansado, falou pausadamente. Bush aquiesceu com a cabeça quando Lula afirmou, traduzido para o inglês, que as relações devem ser baseadas na ""sinceridade" e riu abertamente quando foi convidado para ver as ""maravilhas" do Brasil.

Ministros
Além dos dois tradutores, o início do encontro contou com a participação de três representantes do governo brasileiro e quatro americanos.
Do lado brasileiro estavam presentes os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Celso Amorim (Relações Exteriores) e o embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa. Do lado americano, Richard Armitage, secretário-adjunto de Estado (o titular, Colin Powell, estava em Israel), Condollezza Rice, assessora de Segurança Nacional, Tom Shannon, do Conselho de Segurança Nacional voltado à América Latina e a embaixadora dos EUA no Brasil, Donna Hrinak.
Depois dessa primeira reunião, que durou cerca de meia hora, os dois presidentes juntaram-se a um encontro que já havia começado entre membros de seus ministérios. Havia dez ministros brasileiros e seus correspondentes do lado americano.
A reunião durou cerca de 40 minutos, onde foram discutidas parcerias em várias áreas e preparados memorandos conjuntos entre os dois países (leia reportagem na pág. A-5). Esse encontro foi seguida de almoço onde brasileiros e americanos sentaram-se, frente à frente, em uma mesa oval, com Lula e Bush ao centro.
No cardápio, vinho branco na entrada e sopa com camarões seguido de um prato de carne de carneiro, sorvete e café. O almoço começou ao meio-dia e terminou por volta das 13h30.

Fotografias
Ao final, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, atraiu a curiosidade de seus colegas americanos ao tirar fotos com um celular com uma câmara fotográfica embutida. Os ministros brasileiros perguntaram, em tom de brincadeira aos americanos, se eles não queriam fazer um negócio com o Brasil ali mesmo e comprar o aparelho.
Depois do encontro, em entrevista coletiva na sede da Embaixada brasileira em Washington, o presidente Lula disse que ressaltou a Bush a ""necessidade de garantir a paz no mundo pelo desenvolvimento das regiões mais empobrecidas".
""Em todos os lugares que vou, aqui nos EUA, na reunião do G-8, na China e na Índia, todos estão se dando conta de que chegou a hora de repartir com mais equidade o bolo que o mundo produz".
Lula ressaltou que o processo de integração da América do Sul é fundamental para garantir o crescimento e a estabilidade política na região.
Segundo o presidente brasileiro, Bush entende a disposição do Brasil de estreitar os laços com outros países da região.
""Estou convencido de que temos a chance de constituir a mais perfeita relação entre o Brasil e os Estados Unidos se formos humanos e sinceros e com convicção de propósitos", disse Lula.
De acordo com a embaixadora dos EUA no Brasil, Donna Hrinak, o encontro reformou a parceria entre os dois países e estabeleceu um novo marco nas relações bilaterais.



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