|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO
Líder evita corpo-a-corpo
Rossi adota
campanha
sem comício
CYNARA MENEZES
da Reportagem Local
O pré-candidato do PDT ao
governo de São
Paulo, Francisco Rossi, não vai
fazer comícios,
carreatas ou
corpo-a-corpo
durante a campanha. É o que pretendem os coordenadores de propaganda de sua candidatura.
"Se ele está crescendo sem fazer isso, por que mudar?", disse à
Folha o coordenador de comunicação da campanha de Rossi, o
publicitário Chico Malfitani.
"Ele não vai apertar mão de
eleitor, dar tchauzinho de cima de
caminhão, tomar pinga em bar ou
cafezinho na casa da dona Maria.
Isso não acrescenta nada. As pessoas têm que votar nele pelo passado, pelo que ele já fez", disse.
A concepção é tão nova que não
foi usada nem mesmo por Rossi
em sua última campanha pelo governo do Estado, em 94, quando
foi derrotado por Mário Covas. Na
época, fazia corpo-a-corpo diariamente. Se movia tanto que chegou
a usar um helicóptero.
Agora, Rossi ficaria mais parado. "Vamos alugar uma sala onde ele vai ouvir as pessoas, para
pensar em soluções", diz Malfitani. Entrevistas, só ao vivo, para a
televisão. Nada de mídia impressa.
O candidato já entrou na onda
do neomarketing eleitoral que
pretende colocá-lo mais longe do
povo e mais perto do Palácio dos
Bandeirantes. Na semana em que
alcançou o primeiro lugar na pesquisa Datafolha pelo governo de
São Paulo, Rossi não manteve nenhum contato com eleitores.
O mais próximo que esteve do
contato popular foi na quinta,
quando anunciou a coligação entre o PDT e o PSB em São Paulo -
se é possível incluir na categoria
"povo" as duas dezenas de políticos de pequeno e médio porte
que estavam lá.
Participou de um programa ao
vivo, como quer -"porque a
edição não depende dele", explicou Malfitani -, para a TV Gazeta, e de outro, gravado, para a TV
Alphaville, que chega a cerca de
8.000 casas em São Paulo.
Em todo lugar onde esteve, fez
questão de lembrar do deslize do
candidato do PPB, Paulo Maluf,
ao "testar" a polícia ligando para o 190 e dizendo que seu escritório estava sendo assaltado.
"Errar é humano, mas ele errou feio", disse Rossi, para se vangloriar em seguida. "Devo ter
ultrapassado os 30 pontos depois
disso." Ele apareceu com 28 pontos na última pesquisa Datafolha,
publicada há uma semana.
Rossi disse à Folha que recebe o
público em seu escritório em
Osasco, mas por lá, segundo um
funcionário, "é muito difícil"
que ele apareça.A casa estava com os portões fechados, sem nenhuma placa que a identicasse como escritório de Rossi.
No escritório do
PDT em São Paulo também há
pouco movimento. Nas paredes , ainda há mais fotos do presidente do partido, Leonel Brizola, que de Rossi.
Nos dias de jogos do Brasi, o candidato prefere ficar com a família. Diz estar convencido de que aparecer torcendo "nada acrescenta". Nem perto dos evangélicos Rossi quer estar. Para o candidato que aparecia com a Bíblia sob o braço em 94, religião agora é "assunto de foro íntimo". Pelo visto, campanha também.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|