São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998

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SUCESSÃO
Líder evita corpo-a-corpo
Rossi adota campanha sem comício

CYNARA MENEZES
da Reportagem Local

O pré-candidato do PDT ao governo de São Paulo, Francisco Rossi, não vai fazer comícios, carreatas ou corpo-a-corpo durante a campanha. É o que pretendem os coordenadores de propaganda de sua candidatura.
"Se ele está crescendo sem fazer isso, por que mudar?", disse à Folha o coordenador de comunicação da campanha de Rossi, o publicitário Chico Malfitani.
"Ele não vai apertar mão de eleitor, dar tchauzinho de cima de caminhão, tomar pinga em bar ou cafezinho na casa da dona Maria. Isso não acrescenta nada. As pessoas têm que votar nele pelo passado, pelo que ele já fez", disse.
A concepção é tão nova que não foi usada nem mesmo por Rossi em sua última campanha pelo governo do Estado, em 94, quando foi derrotado por Mário Covas. Na época, fazia corpo-a-corpo diariamente. Se movia tanto que chegou a usar um helicóptero.
Agora, Rossi ficaria mais parado. "Vamos alugar uma sala onde ele vai ouvir as pessoas, para pensar em soluções", diz Malfitani. Entrevistas, só ao vivo, para a televisão. Nada de mídia impressa.
O candidato já entrou na onda do neomarketing eleitoral que pretende colocá-lo mais longe do povo e mais perto do Palácio dos Bandeirantes. Na semana em que alcançou o primeiro lugar na pesquisa Datafolha pelo governo de São Paulo, Rossi não manteve nenhum contato com eleitores.
O mais próximo que esteve do contato popular foi na quinta, quando anunciou a coligação entre o PDT e o PSB em São Paulo - se é possível incluir na categoria "povo" as duas dezenas de políticos de pequeno e médio porte que estavam lá.
Participou de um programa ao vivo, como quer -"porque a edição não depende dele", explicou Malfitani -, para a TV Gazeta, e de outro, gravado, para a TV Alphaville, que chega a cerca de 8.000 casas em São Paulo.
Em todo lugar onde esteve, fez questão de lembrar do deslize do candidato do PPB, Paulo Maluf, ao "testar" a polícia ligando para o 190 e dizendo que seu escritório estava sendo assaltado.
"Errar é humano, mas ele errou feio", disse Rossi, para se vangloriar em seguida. "Devo ter ultrapassado os 30 pontos depois disso." Ele apareceu com 28 pontos na última pesquisa Datafolha, publicada há uma semana.
Rossi disse à Folha que recebe o público em seu escritório em Osasco, mas por lá, segundo um funcionário, "é muito difícil" que ele apareça.A casa estava com os portões fechados, sem nenhuma placa que a identicasse como escritório de Rossi.
No escritório do PDT em São Paulo também há pouco movimento. Nas paredes , ainda há mais fotos do presidente do partido, Leonel Brizola, que de Rossi.
Nos dias de jogos do Brasi, o candidato prefere ficar com a família. Diz estar convencido de que aparecer torcendo "nada acrescenta". Nem perto dos evangélicos Rossi quer estar. Para o candidato que aparecia com a Bíblia sob o braço em 94, religião agora é "assunto de foro íntimo". Pelo visto, campanha também.



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