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Agências são vistas
como "amigas do rei'
da Reportagem Local
Na visão dos publicitários, as
agências Propeg e DM9 desempenham, no governo FHC, o mesmo
papel de "amigas do rei" representado pela Setembro Propaganda, no governo Collor, e pela
MPM, durante todo o período dos
governos militares.
Na administração pública, seja
federal, estadual ou municipal,
tem prevalecido a escolha de agências com base na identificação política ou troca de favores, não em
critérios técnicos.
Essa distorção leva o mercado a
considerar natural que o publicitário que toca a campanha do candidato seja contemplado, depois,
com contas do governo.
Durante o regime militar, um
pequeno grupo de agências de
propaganda cuidou, de forma exclusiva, das contas publicitárias
do governo federal.
Coincidentemente, a MPM,
maior agência do país em receita
durante os anos 70 e 80, era a que
detinha mais contas do governo.
Com sede no Rio, mas de origem
gaúcha, a MPM dividia o poder de
acesso ao governo federal com outras agências de São Paulo e do
Rio, todas integralmente nacionais naquela época: Alcantara Machado, Salles, DPZ e Norton.
Na década de 80, com o início do
processo de redemocratização,
aumentou a disputa pelas contas
governamentais.
Agências de outros Estados passaram a perseguir esse filão, entre
elas a Propeg, que durante anos se
concentrou no mercado da Bahia
e de outros Estados do Nordeste.
Foi no governo Collor, porém,
que ocorreu a mais ousada tentativa de privilegiar poucas agências.
A título de romper o esquema
concentrado no eixo Rio-São Paulo, o governo Collor centralizou as
decisões sobre publicidade num
pequeno grupo liderado pela
agência mineira Setembro Propaganda, responsável pela campanha eleitoral presidencial.
Agências paulistas, como a Almap e DPZ, foram forçadas a
romper contratos e abrir mão de
contas valiosas, como a da Petrobrás, posteriormente entregue,
sem licitação, à Setembro.
Campanhas eleitorais
A Setembro teve um curto ciclo
de projeção. Em 1984, ocupava o
57º posto no ranking da "Meio &
Mensagem". Em 91, surgiu como
a 34ª maior agência do Brasil, com
receita de US$ 3,4 milhões. Em 92,
subiu para a 26ª posição, com uma
receita de US$ 4,4 milhões.
A partir de 93, já não constava
no ranking entre 150 agências e,
em 94, desapareceu do relatório
"Agências & Anunciantes".
No governo FHC, outras agências ganharam destaque, subindo
no ranking de forma acelerada.
Um caso exemplar é o da DM9,
que até o final da década de 80 pertencia a outro baiano também expert em campanhas eleitorais: Duda Mendonça (as iniciais são as do
seu nome).
Há oito anos, a agência foi comprada por Nizan Guanaes, que
manteve o nome original. Hoje,
Duda Mendonça tem outra agência, batizada com o seu nome por
extenso. Ela também tem subido
bastante no ranking.
Fora do mercado
Nem todas as agências que apostaram no filão da política tiveram
sucesso, como mostra o caso da
CBP (Companhia Brasileira de
Publicidade) do publicitário Armando Sant'Anna.
Ele participou das campanhas de
FHC ao Senado e à Prefeitura de
São Paulo, além de ter trabalhado
para eleger Mário Covas senador.
Mesmo com esse currículo,
Sant'Anna não encontrou espaço
entre os que atendem, hoje, as
contas do governo federal.
"Eu estou fora desse mercado",
diz o publicitário, procurando
não demonstrar nenhum rancor.
O isolamento de Sant'Anna é
atribuído ao seu longo envolvimento profissional em São Paulo
com os governos Quércia e Fleury,
do PMDB.
A CBP manteve, durante dez
anos, a conta da Caixa Econômica
Estadual, a "Nossa Caixa".
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