São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Decisão do governo de passar empresa à iniciativa privada é reprovada por 51% dos paulistanos e aprovada por 41%
Maioria em SP é contra a venda da Telebrás

CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local

A maioria dos moradores da cidade de São Paulo se opõe à privatização da Telebrás. Pesquisa Datafolha mostra que 51% dos entrevistados são contra a venda da empresa para a iniciativa privada. A privatização é defendida por 41%.
Para 68% dos entrevistados, é incorreta a decisão do governo Fernando Henrique Cardoso de vender a Telebrás em ano de eleições. Apenas 24% consideram correta a posição do governo nesse caso.
A reprovação à atitude do governo alcança maioria (55%) inclusive entre os eleitores de FHC.
Com relação à privatização a qualquer tempo, a pesquisa revela que há proximidade entre as posições dos eleitores de Enéas Carneiro (Prona) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e entre os que optam por Ciro Gomes (PPS) e FHC.
O maior percentual dos que são contra a venda da Telebrás está entre os eleitores de Lula (68%). Em seguida, aparecem os que optam pela candidatura de Enéas, com 58%.
Entre os eleitores de Ciro Gomes, 45% condenam a venda e 48% a aprovam. Dos que pretendem votar em FHC, 54% se declaram a favor da privatização da Telebrás e 41%, contra.
A resistência à privatização não se restringe à telefonia: 44% dos entrevistados condenam o processo de um modo geral, enquanto 42% o defendem.

Processo
Dos entrevistados, 52% afirmam que Lula está errado ao afirmar que parte do dinheiro obtido com a privatização da Telebrás servirá para financiar a campanha da reeleição de FHC.
Mas 27% dizem que o presidente não deveria ter processado Lula por sua declaração. Outros 25% concordam com o processo de FHC contra Lula.
A afirmação do petista foi considerada certa por 37% dos entrevistados. Esse índice é de 58% entre os que pretendem votar em Lula e de 18% entre os eleitores de FHC.
Paradoxalmente, 46% dos ouvidos acreditam que a qualidade dos serviços da Telebrás vai melhorar depois da privatização. Apenas 19% esperam piora na qualidade dos serviços. Outros 25% afirmam que eles continuarão os mesmos.
Os eleitores de Ciro Gomes, com 61%, são os que mais esperam melhoria na qualidade dos serviços. Em seguida, aparecem os que pretendem votar em FHC, com 57%, e Enéas, com 47%.
Entre os eleitores de Lula, 37% esperam melhoria dos serviços e 27% afirmam que eles continuarão os mesmos. Para 26%, a qualidade dos serviços vai piorar.

Tarifas
Mas outros itens revelam ceticismo em relação à privatização da telefonia. Para 42%, haverá aumento de tarifas. Só 20% acreditam que o preço dos serviços vai diminuir, enquanto 29% dizem que eles não sofrerão mudanças.
Os que mais esperam aumento de tarifa, com 55%, são os eleitores de Lula. Em seguida, aparecem os que optam pela candidatura de Enéas (45%). Dos eleitores de Ciro Gomes, 41% esperam aumento de tarifa. O índice é de 33% entre os que pretendem votar em FHC.
Percentual expressivo de entrevistados, 46%, diz que os usuários serão os principais prejudicados com a venda da Telebrás. Outros 30% acreditam que eles serão os principais beneficiados.

Beneficiários
A privatização da telefonia é considerada mais vantajosa do que prejudicial para o governo: 30% afirmam que ele será o maior beneficiado, enquanto 24% dizem que será o principal prejudicado.
O grande beneficiado, para 33% dos entrevistados, será a empresa que comprar a Telebrás.
Os eleitores de Lula e de Enéas são os mais críticos. Para 58% deles, o usuário será o principal prejudicado com a privatização.
As posição dos eleitores de Ciro Gomes e de FHC é mais próxima: 43% dos que pretendem votar no candidato do PPS e 41% dos que optam pelo presidente afirmam que o usuário será o principal beneficiado com a privatização.



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