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Diretor do TST recebeu ligações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI do Judiciário não aprofundou a investigação das ligações telefônicas destinadas ao
TST (Tribunal Superior do Trabalho) porque presumiu que contatos do tribunal superior com o
juiz Nicolau dos Santos Neto seriam previsíveis.
Mas o reexame das ligações revela várias surpresas. A principal
delas é que Nicolau e o empresário Fábio Monteiro de Barros, responsável pela construção do Fórum Trabalhista de São Paulo, tinham um amigo no TST: o diretor-geral do tribunal, José Geraldo Lopes de Araújo.
Lopes de Araújo recebeu 1.241
telefonemas originários de pessoas e empresas que tiveram o sigilo quebrado por suspeitas de
envolvimento na obra superfaturada entre novembro de 1990 e
março de 1999. Dessas, 362 foram
do juiz Nicolau e 328 de Monteiro
de Barros. Média de pelo menos
um telefonema a cada cinco dias.
Há mais de dez anos no cargo,
Lopes de Araújo era procurado
pelos dois no gabinete, no celular
e em casa. Entre as atribuições do
diretor-geral do TST está repassar
os recursos liberados pelo Tesouro Nacional para todos os 24 tribunais regionais do Trabalho do
país. No caso da obra do TRT
paulista, ele repassou R$ 223 milhões entre 1992 e 1998.
Segundo notas oficiais divulgadas pelo TST sobre o escândalo, o
tribunal funcionava como mero
repassador de recursos aos tribunais, distribuindo as verbas de
acordo com a dotação orçamentária disponível.
Funcionava assim: os recursos
eram encaminhados pelo Tesouro ao tribunal, que os repassava
quase sempre no mesmo dia às
contas dos tribunais regionais.
Quando havia solicitações dos tribunais regionais, as sobras de recursos de cada tribunal e do TST
eram remanejadas. A esses recursos realocados se dá o nome de
provisões. Mais de R$ 11 milhões
foram transferidos para o TRT-SP
por meio desse mecanismo. Nessa rede de empréstimos, o TRT
cedia muito menos do que pegava
emprestado.
Outro lado
Ouvido ontem pela Folha sobre
as ligações, Araújo disse que "não
iria negar" ser amigo do juiz e de
Monteiro de Barros. "Conheço a
mulher dele, a filha dele...", afirmou, em relação ao empresário.
Segundo Araújo, os dois se conheceram "em 93 ou 94". O diretor-geral afirma que, no início, a
relação era apenas profissional,
mas depois os dois se tornaram
amigos. Araújo reconhece que
Monteiro de Barros ligava para
falar da obra do TRT. "Ele ligava
para pedir informações, dizia, "escuta, como é que está, vai sair, tem
(dinheiro), não tem", disse o diretor-geral. "Mas nunca me pressionou a nada. O Banco do Brasil,
inclusive, ligava também sempre
perguntando sobre os recursos."
O diretor-geral do TST se defende dizendo que nunca foi informado oficialmente sobre as irregularidades na obra do TRT.
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