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JANIO DE FREITAS
A boa escolha errada
O adiamento para agosto
da convocação de Eduardo
Jorge Caldas pelo Senado é muito positivo, por menos que a
maior parte da oposição o considere assim. Os avanços que
procuradores da República têm
conseguido, na apuração das
falcatruas em torno do fórum
trabalhista paulista, produzem
informações e desdobramentos
que se refletirão, talvez decisivamente, nos interrogatórios.
A tendência da subcomissão
que ouvirá Eduardo Jorge e os
demais listados para convocação é, como tudo no atual Congresso, negociar com Fernando
Henrique Cardoso a prestação
do serviço de mais proteger do
que buscar informações valiosas
com os depoentes. Quanto mais
a minoria de parlamentares
bem-intencionados disponha de
informações preliminares, melhor para sua contribuição na
busca verdadeira dos fatos.
Fernando Henrique e os governistas do Congresso parecem
ter feito a escolha errada com o
adiamento. Tudo está ainda
muito confuso em torno do tráfico de influência e dos negócios
de Eduardo Jorge, quando secretário-geral da Presidência.
Mesmo o já constatado está ainda em investigação incipiente.
Logo, quanto mais cedo o interrogatório, menor o risco de
questões intransponíveis por
Eduardo Jorge.
O que sobra à Presidência em
fisiologismo falta-lhe em inteligência tática.
Petrocrimes
Senadores e deputados estão
devendo uma iniciativa parlamentar para o exame da tese
sustentada pela Associação dos
Engenheiros da Petrobrás, pela
Federação Única dos Petroleiros
e pelo Sindipetro do Paraná. As
entidades creditam a incidência
e a gravidade dos seguidos acidentes ocorridos em dependências da Petrobrás, inclusive com
mortes, aos reflexos da redução
do quadro de funcionários.
Na refinaria agora acidentada, a redução foi de 40%, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Philippe Reichstul tem sempre
algo interessante a dizer. No caso, diz isso: "Liberar mão-de-obra não tem reduzido a segurança, pelo contrário, tem melhorado".
Antes de ser liberado do cargo
em que caiu de pára-quedas,
sem mais conhecimento de petróleo do que capacidade de distinguir entre gasolina e caldo de
cana, conviria que Reichstul tivesse a hombridade de pelo menos chamar as coisas por seu nome. "Liberar mão-de-obra", em
linguagem de gente respeitável,
é dispensar, reduzir, demitir
mão-de-obra.
O petróleo subiu-lhe à cabeça,
o que não quer dizer que tenha
aumentado a poluição ambiental. A melhoria a que Reichstul
se refere são os dois vazamentos
gigantes, dois crimes ambientais, em apenas seis meses.
Até agora, nenhum parlamentar é capaz de dizer que
providências preventivas foram
tomadas pela presidência da Petrobrás, depois do vazamento
na Guanabara.
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