São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2000


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JANIO DE FREITAS
A boa escolha errada

O adiamento para agosto da convocação de Eduardo Jorge Caldas pelo Senado é muito positivo, por menos que a maior parte da oposição o considere assim. Os avanços que procuradores da República têm conseguido, na apuração das falcatruas em torno do fórum trabalhista paulista, produzem informações e desdobramentos que se refletirão, talvez decisivamente, nos interrogatórios.
A tendência da subcomissão que ouvirá Eduardo Jorge e os demais listados para convocação é, como tudo no atual Congresso, negociar com Fernando Henrique Cardoso a prestação do serviço de mais proteger do que buscar informações valiosas com os depoentes. Quanto mais a minoria de parlamentares bem-intencionados disponha de informações preliminares, melhor para sua contribuição na busca verdadeira dos fatos.
Fernando Henrique e os governistas do Congresso parecem ter feito a escolha errada com o adiamento. Tudo está ainda muito confuso em torno do tráfico de influência e dos negócios de Eduardo Jorge, quando secretário-geral da Presidência. Mesmo o já constatado está ainda em investigação incipiente. Logo, quanto mais cedo o interrogatório, menor o risco de questões intransponíveis por Eduardo Jorge.
O que sobra à Presidência em fisiologismo falta-lhe em inteligência tática.

Petrocrimes
Senadores e deputados estão devendo uma iniciativa parlamentar para o exame da tese sustentada pela Associação dos Engenheiros da Petrobrás, pela Federação Única dos Petroleiros e pelo Sindipetro do Paraná. As entidades creditam a incidência e a gravidade dos seguidos acidentes ocorridos em dependências da Petrobrás, inclusive com mortes, aos reflexos da redução do quadro de funcionários.
Na refinaria agora acidentada, a redução foi de 40%, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Philippe Reichstul tem sempre algo interessante a dizer. No caso, diz isso: "Liberar mão-de-obra não tem reduzido a segurança, pelo contrário, tem melhorado".
Antes de ser liberado do cargo em que caiu de pára-quedas, sem mais conhecimento de petróleo do que capacidade de distinguir entre gasolina e caldo de cana, conviria que Reichstul tivesse a hombridade de pelo menos chamar as coisas por seu nome. "Liberar mão-de-obra", em linguagem de gente respeitável, é dispensar, reduzir, demitir mão-de-obra.
O petróleo subiu-lhe à cabeça, o que não quer dizer que tenha aumentado a poluição ambiental. A melhoria a que Reichstul se refere são os dois vazamentos gigantes, dois crimes ambientais, em apenas seis meses.
Até agora, nenhum parlamentar é capaz de dizer que providências preventivas foram tomadas pela presidência da Petrobrás, depois do vazamento na Guanabara.


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