São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2000


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EJ vai a Brasília para armar defesa

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após sumiço de três semanas, Eduardo Jorge desembarca hoje em Brasília. Vem do Rio de Janeiro. Traz consigo um lote de documentos. Deve se reunir ainda nesta sexta-feira com seu advogado, José Gerardo Grossi, para dar início à montagem de sua defesa.
O ex-secretário-geral da Presidência e ordenador de despesas da campanha eleitoral de FHC ressurge disposto a quebrar o silêncio. Não parece animá-lo a idéia de esperar pelo depoimento no Congresso, previsto apenas para o início de agosto.
Com o nome exposto ao sol e à chuva, acha que chegou a hora de se defender.
Sabe que, se não o fizer, não haverá quem o faça. Ele enviou um recado aos procuradores da República que o investigam: está à disposição.
Mandou dizer que não será preciso nem mesmo que o intimem. Basta um telefonema. Por isso vem para Brasília, onde fica mais à mão. Fica também mais próximo do ex-chefe. Mas não planeja encontrar FHC, para evitar constrangimentos.
Aos que lhe telefonaram nos últimos dias, preocupados, Eduardo Jorge disse estar tranquilo quanto à sua vida financeira.
Os números referentes ao seu patrimônio são, segundo afirmou, de fácil manuseio e compreensão.
Além dos próprios rendimentos, vale-se da renda da mulher, Lídice, para justificar os gastos pessoais.
Nos próximos dias, Eduardo Jorge espera adicionar um documento do Banco Central ao seu dossiê particular, já recheado com extratos bancários, declarações de rendimentos, contratos de empresas e relações de telefonemas.
Trata-se de um ofício em que o BC informará os números de todas as suas contas bancárias e os nomes das instituições financeiras em que foram abertas. São quatro contas.
Com o papel do BC, Eduardo Jorge espera tonificar a impressão de que não está escondendo nada.
A compra de um apartamento de luxo no Rio ocupa capítulo à parte da defesa de Eduardo Jorge. Ele considera essencial, um ponto de honra, explicar de onde vieram os recursos para a compra do imóvel. Uma compra que, sob reserva, FHC considerou enorme equívoco do ex-auxiliar.
Em diálogos com auxiliares, FHC diz que Eduardo Jorge sempre foi cuidadoso com os números. Por isso acha que suas contas devem mesmo estar em ordem.
O problema é que o interesse dos procuradores é bem mais amplo. A investigação não se restringirá a Eduardo Jorge.
Irá envolver também suas empresas, sua mulher e até os seus irmãos.


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