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EJ vai a Brasília para armar defesa
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após sumiço de três semanas,
Eduardo Jorge desembarca hoje
em Brasília. Vem do Rio de Janeiro. Traz consigo um lote de documentos. Deve se reunir ainda nesta sexta-feira com seu advogado,
José Gerardo Grossi, para dar início à montagem de sua defesa.
O ex-secretário-geral da Presidência e ordenador de despesas
da campanha eleitoral de FHC
ressurge disposto a quebrar o silêncio. Não parece animá-lo a
idéia de esperar pelo depoimento
no Congresso, previsto apenas
para o início de agosto.
Com o nome exposto ao sol e à
chuva, acha que chegou a hora de
se defender.
Sabe que, se não o fizer, não haverá quem o faça. Ele enviou um
recado aos procuradores da República que o investigam: está à
disposição.
Mandou dizer que não será preciso nem mesmo que o intimem.
Basta um telefonema. Por isso
vem para Brasília, onde fica mais
à mão. Fica também mais próximo do ex-chefe. Mas não planeja
encontrar FHC, para evitar constrangimentos.
Aos que lhe telefonaram nos últimos dias, preocupados, Eduardo Jorge disse estar tranquilo
quanto à sua vida financeira.
Os números referentes ao seu
patrimônio são, segundo afirmou, de fácil manuseio e compreensão.
Além dos próprios rendimentos, vale-se da renda da mulher,
Lídice, para justificar os gastos
pessoais.
Nos próximos dias, Eduardo
Jorge espera adicionar um documento do Banco Central ao seu
dossiê particular, já recheado com
extratos bancários, declarações de
rendimentos, contratos de empresas e relações de telefonemas.
Trata-se de um ofício em que o
BC informará os números de todas as suas contas bancárias e os
nomes das instituições financeiras em que foram abertas. São
quatro contas.
Com o papel do BC, Eduardo
Jorge espera tonificar a impressão
de que não está escondendo nada.
A compra de um apartamento
de luxo no Rio ocupa capítulo à
parte da defesa de Eduardo Jorge.
Ele considera essencial, um ponto
de honra, explicar de onde vieram
os recursos para a compra do
imóvel. Uma compra que, sob reserva, FHC considerou enorme
equívoco do ex-auxiliar.
Em diálogos com auxiliares,
FHC diz que Eduardo Jorge sempre foi cuidadoso com os números. Por isso acha que suas contas
devem mesmo estar em ordem.
O problema é que o interesse
dos procuradores é bem mais amplo. A investigação não se restringirá a Eduardo Jorge.
Irá envolver também suas empresas, sua mulher e até os seus irmãos.
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