|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresas negam receber dinheiro
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas e pessoas que aparecem em uma listagem obtida pela
Folha negaram ontem terem recebido dinheiro da construtora
Incal, responsável pelas obra superfaturada do TRT paulista.
A listagem mostra 69 ordens de
pagamento feitas pela Incal entre
13 de agosto de 1992 e 13 de janeiro de 1994. Há suspeitas de que os
destinatários dos pagamentos tenham sido "usados" pela construtora para justificar o destino do
dinheiro desviado da obra.
Na listagem, há desde pessoas
físicas até consultorias e agências
de turismo.A Blocker Assessoria
Investimentos e Participações
Ltda, por exemplo, consultoria
que atua na área de fusões e aquisições, aparece na listagem como
tendo recebido um cheque em 30
de setembro de 1993 da Incal,
equivalente a US$ 61.882,64.
A diretoria da consultoria, procurada ontem, disse que não recebeu este cheque. Um dos sócios,
que lá trabalha desde 1988, afirmou não se lembrar de ter feito
negócio com a Incal.
Outra empresa citada na listagem, a agência de viagens
Queensberry, teria recebido, também em 30 de setembro de 93,
cheque equivalente a US$
62.468,28. "Nunca tivemos negócio com a Incal nem recebemos o
cheque. Esta notícia nos surpreende", afirmou Paulo Cumari,
gerente-geral da agência.
Segundo ele, um cheque neste
montante seria algo "bastante incomum". "Um valor alto como
este equivale a uma viagem para
cinco pessoas à Europa em um
mês, com hotel de luxo e outros
confortos", declarou. Cumari
acrescentou que em 1993 a agência não vendia diretamente pacotes turísticos.
Outra agência citada, a Stella
Barros, aparece na listagem como
tendo recebido, em 13 de janeiro
de 1994, um cheque equivalente a
US$ 34.401,42. Procurada pela Folha, a diretoria da agência afirmou que não recebeu cheque deste valor naquela data.
Também surpresa ficou a diretora de uma importadora de cosméticos que aparece na lista como
destinatária de dois cheques
-uma soma equivalente a US$
852 mil. Os cheques teriam sido
recebidos em agosto e setembro
de 1993. A diretora diz, porém,
nunca ter ouvido falar da Incal.
Há também pessoas físicas citadas na listagem. Um advogado de
São Paulo, que pediu para não ter
o nome revelado, teria sido o destinatário de um cheque no valor
de US$ 77.583,38, no dia 13 de janeiro de 1994.
"Nunca tive negócios com a Incal, conheço a empresa somente
de ouvir falar pela imprensa",
afirmou o advogado.
Colaborou SÍLVIA CORRÊA, da Reportagem Local
Texto Anterior: Suposto "laranja" abre mão de sigilo Próximo Texto: Procuradores podem pedir quebra de sigilos Índice
|