São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2000


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Empresas negam receber dinheiro

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas e pessoas que aparecem em uma listagem obtida pela Folha negaram ontem terem recebido dinheiro da construtora Incal, responsável pelas obra superfaturada do TRT paulista.
A listagem mostra 69 ordens de pagamento feitas pela Incal entre 13 de agosto de 1992 e 13 de janeiro de 1994. Há suspeitas de que os destinatários dos pagamentos tenham sido "usados" pela construtora para justificar o destino do dinheiro desviado da obra.
Na listagem, há desde pessoas físicas até consultorias e agências de turismo.A Blocker Assessoria Investimentos e Participações Ltda, por exemplo, consultoria que atua na área de fusões e aquisições, aparece na listagem como tendo recebido um cheque em 30 de setembro de 1993 da Incal, equivalente a US$ 61.882,64.
A diretoria da consultoria, procurada ontem, disse que não recebeu este cheque. Um dos sócios, que lá trabalha desde 1988, afirmou não se lembrar de ter feito negócio com a Incal.
Outra empresa citada na listagem, a agência de viagens Queensberry, teria recebido, também em 30 de setembro de 93, cheque equivalente a US$ 62.468,28. "Nunca tivemos negócio com a Incal nem recebemos o cheque. Esta notícia nos surpreende", afirmou Paulo Cumari, gerente-geral da agência.
Segundo ele, um cheque neste montante seria algo "bastante incomum". "Um valor alto como este equivale a uma viagem para cinco pessoas à Europa em um mês, com hotel de luxo e outros confortos", declarou. Cumari acrescentou que em 1993 a agência não vendia diretamente pacotes turísticos.
Outra agência citada, a Stella Barros, aparece na listagem como tendo recebido, em 13 de janeiro de 1994, um cheque equivalente a US$ 34.401,42. Procurada pela Folha, a diretoria da agência afirmou que não recebeu cheque deste valor naquela data.
Também surpresa ficou a diretora de uma importadora de cosméticos que aparece na lista como destinatária de dois cheques -uma soma equivalente a US$ 852 mil. Os cheques teriam sido recebidos em agosto e setembro de 1993. A diretora diz, porém, nunca ter ouvido falar da Incal.
Há também pessoas físicas citadas na listagem. Um advogado de São Paulo, que pediu para não ter o nome revelado, teria sido o destinatário de um cheque no valor de US$ 77.583,38, no dia 13 de janeiro de 1994.
"Nunca tive negócios com a Incal, conheço a empresa somente de ouvir falar pela imprensa", afirmou o advogado.


Colaborou SÍLVIA CORRÊA, da Reportagem Local

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