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GM
Presidente comete gafe na inauguração de fábrica no RS
FHC evita falar sobre EJ e pede à oposição que esqueça sectarismo
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GRAVATAÍ
O presidente Fernando Henrique Cardoso evitou ontem falar
sobre a crise que envolve o governo, durante a inauguração da fábrica da General Motors, em Gravataí (região metropolitana de
Porto Alegre), e pediu à oposição
para ""esquecer o sectarismo" para ""o bem do Brasil".
No seu discurso, o presidente
cometeu uma gafe ao trocar o nome da GM pelo da Ford, empresa
que deixou de se instalar no Rio
Grande do Sul devido a um desentendimento com o governo
gaúcho. O presidente dirigiu palavras de "reconhecimento ao esforço feito pela Ford". Em seguida, corrigiu-se e disse que a Ford
"vai fazer (sua fábrica) em outras
paragens (Bahia)".
Em outro momento, FHC se referiu ao Plano Real dizendo que
ele teria sido formulado em 1986,
quando, na realidade, ele foi implantada em 1994. Em 1986, o plano econômico que entrou em vigor foi o Cruzado. Nesse caso, o
presidente não se corrigiu.
FHC permaneceu cerca de uma
hora e meia no local e, após a solenidade, que contou com a presença de mais de 2.000 pessoas, deixou a fábrica sem se aproximar
dos jornalistas. Houve um protesto contra ele do lado de fora.
Na única referência ao atual
momento político, FHC falou de
semelhanças entre o comportamento de sua administração e a
do governador Olívio Dutra, seu
anfitrião e membro do PT -partido que pede investigação sobre
as relações do Planalto com o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto.
"O governador não pertence ao
meu partido. Vamos unir as forças quando for necessário, vamos
estar juntos pelo bem do povo,
vamos esquecer os sectarismos,
os ódios, a impostura. Há tanta
coisa a fazer pelo bem do Brasil",
disse FHC.
O protesto contra o presidente
foi feito por cerca de mil manifestantes. As pessoas gritaram palavras de ordem vinculando FHC
ao caso que envolve o ex-secretário-geral da Presidência, Eduardo
Jorge Caldas Pereira, pivô da atual
crise. "Fernando Henrique, amigo do Lalau, cadê a grana do tribunal", diziam os manifestantes.
O coro aludia ao ex-juiz, acusado de participar do desvio de R$
169 milhões da obra do Fórum
Trabalhista de São Paulo. Ele tinha relações com Eduardo Jorge.
Os manifestantes, que tiveram
os ônibus que os transportavam
revistados, foram impedidos pela
Polícia Militar de entrar na GM. A
PM empregou 500 soldados no lado externo da fábrica. FHC, que
chegou de helicóptero ao local,
não viu e nem ouviu os protestos.
O Exército participou do esquema de segurança do lado interno.
A manifestação bloqueou, em
duas ocasiões, mas não simultaneamente, as vias de acesso ao
complexo automotivo, perto da
RS-30. O momento de maior tensão foi quando os manifestantes
impediram um caminhão da
VDO -uma das fornecedoras da
GM- de sair do parque industrial, postando-se na frente do
veículo. O motorista teve de recuar e tomar outro rumo.
Os manifestantes, em sua maioria, pertenciam à categoria dos
metalúrgicos e ao Movimento dos
Trabalhadores Desempregados.
Este levou ao local mais de 200
pessoas que estão acampadas em
uma área próxima à GM.
Essas famílias reivindicam, para
constituir cooperativas de mão-de-obra e de produção, "os mesmos recursos públicos que a
montadora obteve do governo federal", conforme disse o líder do
grupo, Mauro Cruz, 37.
Valendo-se da onda de arremesso de ovos contra autoridades, um manifestante exibia um
cartaz contendo o desenho de um
ovo e a inscrição "Ó, pra ti, FHC".
Do outro lado do prédio da GM,
ao lado da BR-290, manifestantes
ligados ao PMDB gritavam que a
instalação da unidade em Gravataí foi uma iniciativa do ex-governador peemedebista Antônio
Britto, que não foi reeleito em 98.
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