São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2000


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Rainha promete "levante" dos sem-terra no Dia do Agricultor

ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO

Cerca de 5.000 acampados do MST podem invadir ruas, fazendas e até prédios públicos na próxima terça-feira no Pontal do Paranapanema (SP). A afirmação é de José Rainha Júnior, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na região de maior conflito agrário do Estado.
"Ainda não temos os alvos, mas estamos bem preparados para o levante de 25 de julho", disse.
Nessa data se comemora o Dia do Agricultor. O MST programou manifestações em todo o país. Na última ação integrada do movimento, em maio, foram invadidos prédios do Ministério da Fazenda.
Rainha diz que a visita do governador Mário Covas (PSDB-SP) a Teodoro Sampaio e Sandovalina, marcada para segunda-feira, véspera do levante, não vai desmobilizar os sem-terra. Se a visita resultar em ações concretas, o líder do MST diz que a manifestação pode se tornar até uma comemoração.
A expectativa é que o governador anuncie a liberação de pelo menos quatro áreas no Pontal para a reforma agrária e libere capital de giro para o funcionamento da agroindústria implantada pela Cocamp, a cooperativa dos assentados, em Teodoro Sampaio.
A Agência Folha apurou junto a outros dirigentes estaduais do MST que vai haver muito barulho no Pontal na terça-feira. Leia a seguir os principais trechos da entrevista com José Rainha:

Agência Folha - Qual a expectativa do MST em relação à visita de Covas na próxima segunda-feira?
José Rainha Júnior -
O governador vem conhecer as agroindústrias da Cocamp, que reúnem cerealista, laticínios e indústria de polpa de fruta em Teodoro Sampaio e mais a farinheira e fecularia em Sandovalina. Além de mostrar nosso trabalho, queremos discutir a pauta que já foi negociada com o dr. Mário Covas em 7 de dezembro de 99. Na ocasião ficou acertado o capital de giro para tocar a indústria pela Nossa Caixa. Ficaram acertados o capital para o plantio de mandioca e a criação de centros esportivos nos assentamentos. Como nada foi cumprido até agora, convidamos o governador para conversar e para conhecer de perto nossa agroindústria.

Agência Folha - O Estado não investiu na cooperativa?
Rainha -
Não. Os R$ 3,7 milhões vieram de verbas federais.

Agência Folha - Vocês esperam o anúncio de liberação de terras para reforma agrária nessa visita?
Rainha -
O Itesp, por meio do governo federal, disse que até o final de julho estará anunciando quatro, cinco ou mais áreas no Pontal para assentamento de famílias de sem-terra. Nossa expectativa é que o governador aproveite a oportunidade da visita para anunciar essa liberação. Vamos aproveitar também para denunciar ao dr. Covas a escalada da violência judiciária no Pontal, onde a Justiça determina da noite para o dia que nós devemos sair da beira da estrada sem nenhum pedido de reintegração.

Agência Folha - A data da visita, um dia antes do protesto de 25 de julho, pode suspender as manifestações anunciadas pelo MST?
Rainha -
Independentemente da visita do governador, os trabalhadores vão fazer protestos no dia 25. Não fizemos calendário de lutas baseado em audiência com o governador ou com o presidente.

Agência Folha - Então não muda nada nas ações programadas?
Rainha -
Olha, eu espero que, se a visita resultar realmente em ações concretas, possamos transformar lutas em comemoração.

Agência Folha - O que está previsto para o dia 25?
Rainha -
Não definimos nossos alvos. Estamos mobilizados para colocar 4.000 a 5.000 pessoas nas ruas, nas praças, em prédios públicos, fazendas. Temos 1.500 famílias em acampamentos.


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