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Rainha promete "levante" dos
sem-terra no Dia do Agricultor
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO
Cerca de 5.000 acampados do
MST podem invadir ruas, fazendas e até prédios públicos na próxima terça-feira no Pontal do Paranapanema (SP). A afirmação é
de José Rainha Júnior, líder do
Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra na região de
maior conflito agrário do Estado.
"Ainda não temos os alvos, mas
estamos bem preparados para o
levante de 25 de julho", disse.
Nessa data se comemora o Dia
do Agricultor. O MST programou
manifestações em todo o país. Na
última ação integrada do movimento, em maio, foram invadidos
prédios do Ministério da Fazenda.
Rainha diz que a visita do governador Mário Covas (PSDB-SP) a
Teodoro Sampaio e Sandovalina,
marcada para segunda-feira, véspera do levante, não vai desmobilizar os sem-terra. Se a visita resultar em ações concretas, o líder do
MST diz que a manifestação pode
se tornar até uma comemoração.
A expectativa é que o governador anuncie a liberação de pelo
menos quatro áreas no Pontal para a reforma agrária e libere capital de giro para o funcionamento
da agroindústria implantada pela
Cocamp, a cooperativa dos assentados, em Teodoro Sampaio.
A Agência Folha apurou junto a
outros dirigentes estaduais do
MST que vai haver muito barulho
no Pontal na terça-feira. Leia a seguir os principais trechos da entrevista com José Rainha:
Agência Folha - Qual a expectativa do MST em relação à visita de
Covas na próxima segunda-feira?
José Rainha Júnior - O governador vem conhecer as agroindústrias da Cocamp, que reúnem cerealista, laticínios e indústria de
polpa de fruta em Teodoro Sampaio e mais a farinheira e fecularia
em Sandovalina. Além de mostrar
nosso trabalho, queremos discutir a pauta que já foi negociada
com o dr. Mário Covas em 7 de
dezembro de 99. Na ocasião ficou
acertado o capital de giro para tocar a indústria pela Nossa Caixa.
Ficaram acertados o capital para o
plantio de mandioca e a criação
de centros esportivos nos assentamentos. Como nada foi cumprido
até agora, convidamos o governador para conversar e para conhecer de perto nossa agroindústria.
Agência Folha - O Estado não investiu na cooperativa?
Rainha - Não. Os R$ 3,7 milhões
vieram de verbas federais.
Agência Folha - Vocês esperam o
anúncio de liberação de terras para
reforma agrária nessa visita?
Rainha - O Itesp, por meio do
governo federal, disse que até o final de julho estará anunciando
quatro, cinco ou mais áreas no
Pontal para assentamento de famílias de sem-terra. Nossa expectativa é que o governador aproveite a oportunidade da visita para anunciar essa liberação. Vamos
aproveitar também para denunciar ao dr. Covas a escalada da
violência judiciária no Pontal, onde a Justiça determina da noite
para o dia que nós devemos sair
da beira da estrada sem nenhum
pedido de reintegração.
Agência Folha - A data da visita,
um dia antes do protesto de 25 de
julho, pode suspender as manifestações anunciadas pelo MST?
Rainha - Independentemente da
visita do governador, os trabalhadores vão fazer protestos no dia
25. Não fizemos calendário de lutas baseado em audiência com o
governador ou com o presidente.
Agência Folha - Então não muda
nada nas ações programadas?
Rainha - Olha, eu espero que, se
a visita resultar realmente em
ações concretas, possamos transformar lutas em comemoração.
Agência Folha - O que está previsto para o dia 25?
Rainha - Não definimos nossos
alvos. Estamos mobilizados para
colocar 4.000 a 5.000 pessoas nas
ruas, nas praças, em prédios públicos, fazendas. Temos 1.500 famílias em acampamentos.
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