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CRISE MUNICIPAL
Redução da atividade industrial afeta receita com IPI e diminui repasses da União às administrações locais
Queda na arrecadação tributária paralisa prefeituras
JAIRO MARQUES
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Cerca de 4.000 municípios estão
reduzindo o expediente e cortando serviços públicos devido à
queda nos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) feitos pela União. O principal motivo da queda é a redução
da atividade industrial no país.
Os menores municípios são os
mais afetados, já que têm arrecadação pequena ou nula de impostos como ISS (Imposto sobre Serviços) e IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano). De acordo
com estudos do Ibam (Instituto
Brasileiro de Administração Municipal), 4.117 (74,8%) dos 5.507
municípios do país possuem no
FPM sua maior fonte de receita.
O fundo é formado por um percentual (22,5%) da arrecadação
do IRPF (Imposto de Renda de
Pessoa Física) e do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados).
No norte do Paraná, 19 prefeituras resolveram reduzir o atendimento a partir de amanhã. A mesma medida deve ser adotada em
outros Estados, assim como a
concessão de férias coletivas, paralisação de obras e atividades.
No Maranhão, dos 217 municípios do Estado, 202 dependem
quase exclusivamente do FPM,
segundo o prefeito de Cantanhede, Hildo Rocha Neto (PMDB),
presidente da Federação Maranhense dos Municípios. "Muitas
prefeituras estão com dificuldade
de pagar os salários dos servidores", disse Rocha. "Se não melhorar, os prefeitos terão que demitir
os funcionários contratados."
O FPM deve cair ainda mais em
julho com a redução na arrecadação do IPI e da restituição do IR. A
expectativa da Secretaria do Tesouro é que o FPM tenha queda
total de 16% em relação a junho.
Segundo Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional
dos Municípios, as prefeituras pequenas (com menos de 50 mil habitantes), arrecadam apenas 1,7%
do volume total de impostos do
país e dependem dos repasses da
União para manter seus serviços.
Segundo a Associação Brasileira
das Secretarias de Finanças, a
queda global nos repasses do fundo nos primeiros seis meses deste
ano chega a 8,8% em comparação
com o mesmo período de 2002.
O prefeito de São João do Oeste
(SC), Rudi Rasch (PPS), vai dar férias coletivas aos seus funcionários. "Em maio, o repasse do fundo foi de R$ 166 mil; em junho, de
R$ 116 mil, e agora, em julho, será
de R$ 97 mil. Não há condições de
funcionamento, pois nossa arrecadação depende 47,5% do FPM.
Vamos manter apenas a educação
e a saúde funcionando", declarou.
Os repasses do FPM são feitos
nos dias 10, 20 e 30 de cada mês.
No dia 10 de junho, Santa Luzia
do Tide, município de 75 mil habitantes no Maranhão, teve um
repasse do FPM de R$ 227 mil. No
último dia 10, o repasse foi de R$
70 mil -seria mais, não fosse um
bloqueio de cerca de R$ 23 mil referentes a dívidas com o INSS.
"Reduzi o expediente de oito
para quatro horas, diminuí o salário dos comissionados, cortei gastos com gasolina, e os carros estão
parados", disse o prefeito Ilzemar
Oliveira Dutra (PFL). "O atendimento à população carente teve
que ser suspenso também."
A situação é "de calamidade pública" para o presidente da Associação Tocantinense de Municípios, Paulo Roberto Ribeiro
(PFL): "Cerca de 90% das 139 administrações do Estado dependem dos recursos do FPM para se
manter. As obrigações dos municípios são cada vez maiores, e os
recursos, cada vez menores".
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