São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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TELECOMUNICAÇÕES
Partido não diz o que fará no caso da Telebrás ser estatizada
Diretriz de Lula admite iniciativa privada no setor

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já aceita que a quebra do monopólio na área de telecomunicações não tem volta e, nas diretrizes de seu programa de governo para o setor, admite a participação da iniciativa privada.
O PT divulgou ontem suas propostas para telecomunicações. O problema é que tudo parte do pressuposto de que o Sistema Telebrás não será privatizado, como o governo pretende fazer no próximo dia 29.
"Estamos fazendo um apelo para que o leilão da Telebrás seja suspenso. Enquanto não houver uma definição não adianta dizer o que faremos se houver privatização", disse Lula.
No texto distribuído ontem, o grupo de trabalho de Lula descarta que a Brasil Telecom (nome que seria dado ao Sistema Telebrás) exerça qualquer monopólio. Ao contrário. "O governo, através da Anatel (agência reguladora), terá o maior interesse em outorgar concessões ou licenças a empresas interessadas em prestar serviços públicos ou privados de telecomunicações", afirma o documento de Lula.
Outro trecho ressalta que não haverá restrição à participação de empresas de capital estrangeiro. A proposta petista veta até a possibilidade de o orçamento público custear serviços deficitários.
Na ótica dos elaboradores da diretriz, o financiamento para expansão dos serviços em áreas não-rentáveis viria de um "fundo de universalização" que seria formado por 2% do faturamento líquido anual de cada empresa operadora, além da venda de outorgas.
"O PT evoluiu da sua posição histórica e criou uma política diferente da proposta pelos sindicatos para telecomunicações", afirmou Lula.
O candidato presidencial, no entanto, frisou que um eventual governo seu não abre mão do poder de controle do Estado sobre telecomunicações. "O que é preciso deixar claro é que agora não somos só do contra. Admitimos parcerias com a iniciativa privada e não vamos fechar a porta para ninguém", acrescentou Lula.
Apesar da abertura para as parcerias, Lula não aceita a privatização do Sistema Telebrás. "Fernando Henrique Cardoso deveria imitar o Chirac, que na França suspendeu a privatização enquanto durou o período eleitoral", declarou.
O PT vai tentar barrar o leilão da Telebrás com ações na Justiça e manifestações em vários Estados.



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