|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELECOMUNICAÇÕES
Partido não diz o que fará no caso da Telebrás ser estatizada
Diretriz de Lula admite
iniciativa privada no setor
CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já
aceita que a quebra do monopólio
na área de telecomunicações não
tem volta e, nas diretrizes de seu
programa de governo para o setor,
admite a participação da iniciativa
privada.
O PT divulgou ontem suas propostas para telecomunicações. O
problema é que tudo parte do
pressuposto de que o Sistema Telebrás não será privatizado, como
o governo pretende fazer no próximo dia 29.
"Estamos fazendo um apelo para que o leilão da Telebrás seja suspenso. Enquanto não houver uma
definição não adianta dizer o que
faremos se houver privatização",
disse Lula.
No texto distribuído ontem, o
grupo de trabalho de Lula descarta
que a Brasil Telecom (nome que
seria dado ao Sistema Telebrás)
exerça qualquer monopólio. Ao
contrário. "O governo, através da
Anatel (agência reguladora), terá
o maior interesse em outorgar
concessões ou licenças a empresas
interessadas em prestar serviços
públicos ou privados de telecomunicações", afirma o documento de
Lula.
Outro trecho ressalta que não
haverá restrição à participação de
empresas de capital estrangeiro. A
proposta petista veta até a possibilidade de o orçamento público
custear serviços deficitários.
Na ótica dos elaboradores da diretriz, o financiamento para expansão dos serviços em áreas
não-rentáveis viria de um "fundo
de universalização" que seria formado por 2% do faturamento líquido anual de cada empresa operadora, além da venda de outorgas.
"O PT evoluiu da sua posição
histórica e criou uma política diferente da proposta pelos sindicatos
para telecomunicações", afirmou
Lula.
O candidato presidencial, no entanto, frisou que um eventual governo seu não abre mão do poder
de controle do Estado sobre telecomunicações. "O que é preciso
deixar claro é que agora não somos só do contra. Admitimos parcerias com a iniciativa privada e
não vamos fechar a porta para
ninguém", acrescentou Lula.
Apesar da abertura para as parcerias, Lula não aceita a privatização do Sistema Telebrás. "Fernando Henrique Cardoso deveria
imitar o Chirac, que na França
suspendeu a privatização enquanto durou o período eleitoral", declarou.
O PT vai tentar barrar o leilão da
Telebrás com ações na Justiça e
manifestações em vários Estados.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|