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Governadores querem adiar votação
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com as negociações com o Planalto "empacadas", segundo expressão de um deles, os governadores de Estado desencadearam
uma ampla ofensiva no Congresso para tentar adiar a votação do
relatório da reforma tributária,
cuja votação está prevista para
hoje na comissão especial da Câmara que analisa o tema.
Pessoalmente ou por telefone,
os governadores procuraram líderes partidários, sobretudo os do
PSDB e PFL, e argumentaram que
o texto do relator, deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), não
tem condições de nem sequer ser
enviado à apreciação da comissão
especial. O tucano Aécio Neves,
de Minas Gerais, foi um dos que
defenderam essa tese.
Os governadores que representam as cinco regiões do país nas
negociações com o governo federal articulam um encontro em
Brasília para a próxima terça-feira. Dessa vez, sem a presença do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem sido o interlocutor
dos Estados.
Desde segunda-feira passada os
governadores fazem romaria a
Brasília. Suas reivindicações foram reunidas em dois textos, um
do PFL, que ataca 20 itens da proposta do relator Virgílio, e outro
do PSDB, que questiona outros 11
aspectos. O documento dos tucanos foi entregue ontem pelo líder
do partido na Câmara, Jutahy
Magalhães (BA), ao ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Os governadores se queixam de
que o Planalto não atendeu nem o
que foi acordado na segunda reunião que eles tiveram com Lula na
Granja do Torto. Esse seria o caso
do texto que Palocci apresentou
sobre o fundo para compensar os
Estados exportadores por perdas
decorrentes da aplicação da Lei
Kandir. O texto foi rejeitado por
todos, mas reapareceu no relatório de Virgílio. A Lei Kandir isenta
as exportações do ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços). O imposto é a principal fonte de arrecadação dos Estados. Pelo relatório de Virgílio, essa isenção vai para a Constituição.
CPMF e DRU
Em reuniões com as bancadas
estaduais, os governadores argumentam que quem tem pressa de
votar a reforma tributária é a
União, que precisa prorrogar a
CPMF (o imposto do cheque) e a
DRU (Desvinculação de Receitas
da União). Eles poderiam esperar
e, com isso, ganhar força para negociar a partilha de receitas.
Até o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, que os outros
Estados dizem ser o único beneficiado com a reforma, reclamou de
perdas em reunião com a bancada paulista. Segundo ele, no prazo
de oito anos de transição para o
ICMS ser cobrado no destino São
Paulo perderia o equivalente a tudo o que investe hoje, algo em torno de R$ 1,7 bilhão.
Além de Alckmin, estiveram
também em Brasília pressionando suas bancadas os governadores de Goiás, Marconi Perillo, do
Amazonas, Eduardo Braga, do
Pará, Simão Jatene, de Santa Catarina, Luiz Henrique. Os pefelistas
João Alves (SE) e Paulo Souto
(BA) operaram diretamente com
o líder do PFL na Câmara.
O tucano Lúcio Alcântara (CE)
quer que o Planalto explique por
que quer desvincular a aplicação
das receitas da CPMF, mas não
deixa que os Estados apliquem livremente parte das receitas que
obrigatoriamente têm de destinar
à saúde e educação.
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