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Secretário de Lula defende "limites" para jornalistas
DA REDAÇÃO
Em debate que não teve tréguas
nem mesmo durante os intervalos, o colunista da Folha Clóvis
Rossi declarou ser contra a proposta de criação de um Conselho
Federal de Jornalismo, ao passo
que o secretário de Imprensa da
Presidência da República, Ricardo Kotscho, disse que o jornalismo "precisa de limites".
Os dois debateram na gravação
do programa "Dois a um", do
SBT, que vai ao ar na madrugada
da próxima segunda-feira, à 0h45.
A apresentadora Mônica Waldvogel iniciou o programa com a
pergunta: "Afinal, quem é a favor
e quem é contra o conselho?".
Rossi adiantou-se e respondeu de
pronto: "Eu sou contra". Kotscho,
por sua vez, disse ser favorável ao
debate que, na opinião dele, não
tem ocorrido na mídia.
Kotscho disse que o projeto foi
enviado pelos jornalistas por
meio da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Para Rossi,
não é correto afirmar que a proposta é da classe.
"Sem desmerecer a Fenaj, há
entidades com mais história que
não concordam com esse projeto", disse o colunista da Folha,
que mencionou o fato de a ABI
(Associação Brasileira de Imprensa) ser contra o conselho. "O CFJ é
proposta de parte dos jornalistas,
não de todos", frisou.
Para Rossi, o conselho representa a "mania de achar que a sociedade precisa de tutela". Ele disse que já existem dois limites para
o jornalismo: as leis e o público.
Kotscho discordou. Citou a declaração do ministro Nelson Jobim, presidente do Supremo Tribunal Federal, para quem as ações
judiciais não têm inibido os excessos do jornalismo.
Segundo o secretário de Imprensa, o jornalista "não pode ser
comparado a índio, idoso e criança", a quem as leis são aplicadas
de forma diferenciada. Para ele, os
jornalistas precisam de limites, os
quais podem ser estabelecidos
por um conselho.
Ansiosos, em alguns momentos
eles se atropelaram ao falar. "Você não me deixa falar", reclamou
Kotscho. "Mas só você fala", respondeu Rossi. Mas ambos concordaram quando o secretário
afirmou ser contra "jornalismo de
futrica". Rossi, então, disse: "Meu
instinto básico é discordar sempre de gente do governo, mas agora vou concordar. Prefiro tomar
furo a dar barriga [notícia falsa]".
Outro ponto de concordância
foi em relação à necessidade de
desconcentração da propriedade
dos meios de comunicação.
(UM)
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