São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ NOVAS CONEXÕES

Para comprovar acusações feitas por doleiro, parlamentares vão pedir à Polícia Federal computadores apreendidos em sua casa de câmbio

CPI vai investigar supostas transações em dólares do PT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Correios vai pedir à Polícia Federal os computadores apreendidos na casa de câmbio do doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, para checar se há registro de trocas quase diárias de altas quantias em dólar feitas pelo PT em 2002.
Parlamentares da comissão querem verificar se há veracidade nos relatos feitos pelo doleiro, que está preso em São Paulo, a uma grupo de integrantes da CPI na última terça e à revista "Veja", na edição desta semana. Toninho diz na entrevista que o PT possuía uma conta clandestina no exterior operada pelo Trade Link Bank, uma offshore (empresa em que os sócios não são identificados) vinculada ao Banco Rural.
Quando o PT precisava de dinheiro, ainda segundo Toninho, recorria ao doleiro Dario Messer, que recebia os dólares petistas em uma offshore no Panamá e depositava a mesma quantia no Brasil, em reais, no Rural, em uma operação de compensação paralela.
Toninho disse que, na campanha de 2002, o partido trocava quase diariamente quantias entre US$ 30 mil e US$ 50 mil, em espécie, na sua casa de câmbio. O dinheiro seria levado ao gabinete do então vereador e hoje deputado Devanir Ribeiro (SP). À "Veja", Ribeiro negou envolvimento nas transações. Também teriam sido feitos depósitos na conta do PT. A CPI já pediu, segundo Gustavo Fruet (PSDB-PR), informações ao Banco do Brasil sobre uma nova conta que pertenceria ao PT.
As mais recentes declarações do doleiro deram força à oposição para pedir novamente sua convocação à CPI para explicar remessas para o exterior de dinheiro de caixa dois de partidos. O foco é identificar a origem dos recursos.
A base aliada barrou a convocação de Toninho alegando que ele não apresentou provas das acusações que fez em depoimento em São Paulo. Segundo eles, o doleiro quer negociar delação premiada para reduzir sua pena de 25 anos.
O próprio relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), está de acordo que Toninho deve ser ouvido novamente em Brasília, mas acha mais prudente que ele seja tomado em sessão fechada.
O líder do PSDB, Alberto Goldman, defendeu que a CPI fizesse uma manifestação de apoio a um acordo de delação premiada com Toninho. Serraglio apóia a proposta de Goldman. Para acelerar o rastreamento dos recursos, Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) sugeriu a contratação de uma empresa britânica, alegando que a cooperação dos EUA, negociada pelo Ministério da Justiça, vai demorar para dar resultados.


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