São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Com Paulo Lins, ele previu o risco de atentados

DO COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS

Há pouco mais de seis anos, Ferréz e Paulo Lins (carioca autor de "Cidade de Deus") disseram em entrevista à Folha que grupos armados estavam se organizando nas favelas e que, se não houvesse intervenção do governo, haveria um banho de sangue.
Parte da previsão deles se baseava na sensação de que o comodismo em relação à desigualdade social crescente chegaria a um limite: "A revolução tem de ser feita, pela arte ou pelo terror. É mais fácil o terror, apesar de eu acreditar na arte", disse Ferréz na entrevista.
Lins, sobre as organizações nas favelas do Rio, disse: "Para eles, a solução é roubar e matar. Matam para assustar".
Ferréz, no mesmo tom, disse: "Os caras estão se organizando, estão falando em se unir e ir pro centro". Mas, assim como agora, fazia uma ressalva: "Não é o povo, são os bandidos".
Por outro lado, demonstravam descrença quanto ao poder de transformação que a literatura -instrumento do qual ambos se servem- efetivamente poderia ter.
E não acreditavam que pudesse haver mobilização da sociedade para mudar a vida de quem mora nas favelas: "A elite só vai pensar num projeto social na periferia quando começarem a invadir os Jardins e Ipanema", disse Lins.


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