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Com Paulo Lins, ele previu o risco de atentados
DO COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS
Há pouco mais de seis
anos, Ferréz e Paulo Lins
(carioca autor de "Cidade de
Deus") disseram em entrevista à Folha que grupos armados estavam se organizando nas favelas e que, se
não houvesse intervenção do
governo, haveria um banho
de sangue.
Parte da previsão deles se
baseava na sensação de que o
comodismo em relação à desigualdade social crescente
chegaria a um limite: "A revolução tem de ser feita, pela
arte ou pelo terror. É mais
fácil o terror, apesar de eu
acreditar na arte", disse Ferréz na entrevista.
Lins, sobre as organizações nas favelas do Rio, disse: "Para eles, a solução é
roubar e matar. Matam para
assustar".
Ferréz, no mesmo tom,
disse: "Os caras estão se organizando, estão falando em
se unir e ir pro centro". Mas,
assim como agora, fazia uma
ressalva: "Não é o povo, são
os bandidos".
Por outro lado, demonstravam descrença quanto ao
poder de transformação que
a literatura -instrumento
do qual ambos se servem-
efetivamente poderia ter.
E não acreditavam que pudesse haver mobilização da
sociedade para mudar a vida
de quem mora nas favelas:
"A elite só vai pensar num
projeto social na periferia
quando começarem a invadir os Jardins e Ipanema",
disse Lins.
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