São Paulo, Sábado, 21 de Agosto de 1999
Próximo Texto | Índice

PAINEL

Saindo de fininho...

Avaliando que não tem força para aprovar o projeto de abatimento da dívida agrícola, parte da bancada ruralista está afirmando que aceita negociar com FHC. Topa reduzir o perdão dos débitos para entre 20% e 30% (a proposta original prevê desconto de 40% a 60%).

...para levar algum

A bancada ruralista sentiu que os líderes do governo jogarão para derrubar seu projeto no plenário. Daí, dizer que agora aceita negociar. Se o Planalto oferecer menos, pega na hora. Se se mantiver irredutível, dará trabalho, mas deverá perder.

Medida salutar

Passou despercebido, devido ao barulho do caminhonaço dos agricultores, mas a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou projeto que institui a desincompatibilização de prefeitos que pretendem disputar a reeleição no próximo ano. A aprovação em plenário, porém, é uma luta mais difícil.

Só Pitta não basta

Para fechar a renegociação da dívida de SP, Malan precisou articular até com o Tribunal de Contas do Município para não deixar margem a contestação.

Deu mole

Luiz Estevão (PMDB), cujo envolvimento nas irregularidades das obras do TRT paulista é investigado pela CPI do Judiciário, discursou no Congresso defendendo verbas para a Justiça de Brasília. ACM não perdoou: "Vossa Excelência bem sabe que não é todo tribunal que merece receber recursos".

Faltando carinho
Osmar Dias (PSDB-PR) não gostou muito de Covas ter acionado Tuma (PFL) para tentar convencê-lo de que tem direito ao R$ 100 mi do Bird. "Sei que ele é um governador importante, mas deve sobrar algum tempo para me procurar", ironizou o relator do empréstimo.

Poder do factóide

O protesto ruralista, com pequenos agricultores mas também com tubarões pedindo perdão de dívidas, abafou a repercussão da aprovação, na terça, do estatuto das micro e pequenas empresas na Câmara.

Querendo um abrigo

Pitta, que já falou com Quércia, reúne-se hoje com Temer. O prefeito de SP quer entrar no PMDB. O quercismo já foi mais resistente a isso. Temer e a bancada federal não querem.

Questão de tempo 1

FHC está mal, mas não chegou aos índices de Collor. Pesquisa da CNI/Ibope revela que, em julho deste ano, 27% dos entrevistados estavam insatisfeitos com o tucano. Em junho de 92, a taxa de Collor era de 33%. O índice dos satisfeitos, comparando o mesmo período: 64% para FHC e 36% para Collor.

Questão de tempo 2

FHC teve ainda a confiança de 31% dos entrevistados. Collor, em outubro de 92, nas vésperas do impeachment, ficou com 12%. Dos entrevistados, 64% não confiam em FHC. O índice de Collor deu incríveis 84%.


Fracasso subiu à cabeça

Relator na Câmara do Código Civil, que há 38 anos tramita no Congresso, Ricardo Fiúza (PFL) não poderá inserir "contribuição original" ao projeto que recebeu do Senado. Entrará com a assinatura. Mas proclama que estará para o novo código, no século 21, como Rui Barbosa esteve para o do século 20.

Paz temporária

Temer e Quércia vão dividir o diretório municipal e o estadual do PMDB-SP. O acordo será oficializado na segunda em reunião com deputados e vereadores. Querem mostrar que estão juntos na definição dos rumos para a eleição de 2000.

Me engana que eu gosto

Enlameada pelas denúncias de corrupção, a Câmara Municipal de SP resolveu que chegou a hora de moralizar. Em vez de apoiar uma CPI, o presidente Armando Mellão decidiu que o cafezinho da tarde não pode ser mais acompanhado de leite.
TIROTEIO
De Roberto Requião (PMDB-PR), dizendo por que parou de pedir a renúncia de FHC:
-O Fernando Henrique já renunciou. Ele não exerce mais o governo, não manda mais em nada, mas esqueceu de avisar a população e de se mudar do Palácio do Planalto.

CONTRAPONTO

Filosofia Magri
Recém-nomeada para a Secretaria Nacional de Justiça pelo ministro José Carlos Dias, Elisabeth Sussekind passou pelo tradicional teste das novas autoridades: conversas em série com TVs, rádios e jornais.
Há cerca de duas semanas, em um programa de entrevistas, a secretária falava das prioridades de sua função no Ministério da Justiça. Dias, que é um advogado progressista, montou uma equipe para tentar se aproximar mais da elite jurídica e da sociedade civil.
Seus antecessores no cargo, os peemedebistas Renan Calheiros e Iris Rezende, tinham uma imagem ruim perante esse público devido à vinculação partidária, para dizer o menos.
Na entrevista, Elisabeth Sussekind foi logo enfatizando a política de direitos humanos do governo. No entanto, acabou exagerando na dose quando o jornalista a perguntou se defendia direitos humanos para bandido:
- Eu defendo direitos humanos de bandido, de empresário, até de cachorro, se for preciso!

E-mail: painel@uol.com.br


Próximo Texto: Eldorado do Carajás: Promotor abandona júri, e julgamento é suspenso
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.