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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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Categoria critica fim de grupo sobre crime organizado

DA REPORTAGEM LOCAL

A extinção do Gaeld (Grupo de Atuação Especial no Combate à Lavagem de Dinheiro), determinada pelo procurador-geral Cláudio Fonteles, interrompeu a primeira tentativa do MPF de instituir um banco de dados nacional e um sistema de apoio a todas as procuradorias da República no combate ao crime organizado.
O grupo foi criado por portaria de Geraldo Brindeiro, no início do ano, e tinha instalações na Procuradoria Geral da República, em Brasília. Sua criação gerou ciúmes na cúpula do MPF.
"Não se pode afirmar a "ausência de resultados práticos" como fundamento para a extinção da única e pioneira estrutura concreta e especializada de trabalho que estava se desenvolvendo", dizem, em ofício a Fonteles, os procuradores Janice Ascari (SP), Bruno Acioli (RJ), Celso Três (SC), Denise Abade (SP), Guilherme Schelb (DF), Pedro Taques (MT), Pedro Barbosa (SP) e Wellington Saraiva (PE).
A criação do grupo, que era coordenado pela procuradora Janice Ascari, fora proposta e aprovada por unanimidade no Encontro Nacional dos Procuradores da República, em 2001, em Manaus: "Pela especificidade e natureza desse novo trabalho, assemelhado à inteligência financeira e, por isso, meticuloso, detalhado e necessariamente discreto, o grupo deverá ser formado no máximo por dez membros do MPF, de qualquer unidade da federação e independentemente da instância em que atuam".
Previa-se que o Gaeld seria um grupo de apoio, sem excluir os procuradores que estivessem à frente das investigações, como a força-tarefa que cuida do Banestado. Membros do MPF de todo o país haviam enviado cópias de denúncias já oferecidas e o resumo de investigações em andamento. Para evitar a prescrição de ações penais, o grupo obtivera o rol de 2.704 processos no Banco Central.
O Gaeld articulara treinamento específico de procuradores e servidores do MPF com o Ciex, a Abin e o Exército e a integração de dados da Receita Federal, Detran, Polícia Federal e órgãos da comunidade de inteligência.
"Todos os órgãos da administração, há muito tempo, estão se preparando para o combate à lavagem de dinheiro, menos o MPF", dizem os signatários. "Precisamos profissionalizar nossa atividade de investigação, até agora realizada amadoristicamente e entregue ao batalhão de generalistas que somos, apesar da enorme competência e boa vontade da maioria dos colegas". (FV)


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