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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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Oposição lista quatro episódios nos quais MPF teria favorecido petistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Há quatro episódios distintos apontados pelos opositores do PT como exemplos de certa "tolerância" do Ministério Público Federal com o governo Lula.
No governo FHC, o MPF investigou o secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, entre outras coisas, por suspeita de tráfico de influência junto aos fundos de pensão. EJ reclama que o MPF não investigou o senador Aloizio Mercadante sobre as gestões que fez na privatização da Vale, supostamente favorecendo o consórcio liderado pelo amigo do parlamentar, o empresário Benjamin Steinbruch.
"As suspeitas envolvendo o senador Aloizio Mercadante são menores", diz o procurador da República Luiz Francisco de Souza. "De qualquer forma, concordo que deveria ser aberto mesmo uma investigação", opinou, no último dia 9, ao ser consultado pela Folha. Disse que estudava abrir um processo sobre as privatizações, com base no livro "A face oculta da Reforma da Previdência", de Magno de Mello, que revela supostas irregularidades praticadas pelos fundos de pensão.
Na última quarta-feira, a Folha procurou o senador Mercadante, que, em seguida, telefonou para Luiz Francisco. Na quinta-feira, o procurador pediu para retificar sua declaração. "Li o livro e, em minha opinião, não há matéria alguma para abrir investigação sobre o senador Mercadante. Os fundos estavam sob o controle do PFL e do PSDB".
Mercadante diz que, na época, não era parlamentar, era assessor do sindicato dos bancários de São Paulo. "Era contrário à privatização da Vale, mas quando ela tornou-se inevitável, aconselhei funcionários do Banco do Brasil a buscar, por meio da direção da Previ, aliança com grupos de capital nacional, para impedir a desnacionalização da Vale."

Nepotismo tolerado
Critica-se o MPF pela falta de interpelações nas nomeações de parentes no governo Lula.
Cita-se a nomeação da mulher do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para um cargo na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), comparando-se com a grita provocada, e que gerou ação popular, com a nomeação da filha do então presidente Fernando Henrique Cardoso para secretária-adjunta da Presidência no governo.
Luiz Francisco diz que a filha de FHC ficaria subordinada ao pai, o que é vedado. O cargo da mulher de Palocci está no círculo do Ministério da Saúde. "Não é bonito, mas são casos distintos", diz.
Questiona-se o fato de o MPF não ter interpelado o ministro da Cultura, Gilberto Gil, pelo uso de avião da FAB no carnaval deste ano, uma vez que foram instaurados processos contra ministros do governo FHC pelo uso de aeronave oficial em viagens de lazer.
Para Luiz Francisco, "quem usa avião da FAB para fins particulares deve ser processado". "O que deve fazer um ministro da Cultura em uma das maiores festas culturais? Teoricamente, o ministro deve estar mesmo presente na festa e poderá usar o avião se o uso for para exercício do cargo."
O ministro dos Transportes no governo FHC, Eliseu Padilha, foi alvo de vários processos. Critica-se a falta de iniciativas semelhantes do MPF diante de denúncias envolvendo o ministro atual, Anderson Adauto. "Os fatos que envolveram Padilha foram bem piores", opina o procurador. (FV)


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