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Oposição lista quatro episódios nos quais MPF teria favorecido petistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Há quatro episódios distintos
apontados pelos opositores do PT
como exemplos de certa "tolerância" do Ministério Público Federal com o governo Lula.
No governo FHC, o MPF investigou o secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, entre outras coisas, por suspeita de tráfico de influência junto
aos fundos de pensão. EJ reclama
que o MPF não investigou o senador Aloizio Mercadante sobre as
gestões que fez na privatização da
Vale, supostamente favorecendo
o consórcio liderado pelo amigo
do parlamentar, o empresário
Benjamin Steinbruch.
"As suspeitas envolvendo o senador Aloizio Mercadante são
menores", diz o procurador da
República Luiz Francisco de Souza. "De qualquer forma, concordo
que deveria ser aberto mesmo
uma investigação", opinou, no último dia 9, ao ser consultado pela
Folha. Disse que estudava abrir
um processo sobre as privatizações, com base no livro "A face
oculta da Reforma da Previdência", de Magno de Mello, que revela supostas irregularidades praticadas pelos fundos de pensão.
Na última quarta-feira, a Folha
procurou o senador Mercadante,
que, em seguida, telefonou para
Luiz Francisco. Na quinta-feira, o
procurador pediu para retificar
sua declaração. "Li o livro e, em
minha opinião, não há matéria alguma para abrir investigação sobre o senador Mercadante. Os
fundos estavam sob o controle do
PFL e do PSDB".
Mercadante diz que, na época,
não era parlamentar, era assessor
do sindicato dos bancários de São
Paulo. "Era contrário à privatização da Vale, mas quando ela tornou-se inevitável, aconselhei funcionários do Banco do Brasil a
buscar, por meio da direção da
Previ, aliança com grupos de capital nacional, para impedir a desnacionalização da Vale."
Nepotismo tolerado
Critica-se o MPF pela falta de interpelações nas nomeações de parentes no governo Lula.
Cita-se a nomeação da mulher
do ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, para um cargo na Fundação Nacional de Saúde (Funasa),
comparando-se com a grita provocada, e que gerou ação popular,
com a nomeação da filha do então
presidente Fernando Henrique
Cardoso para secretária-adjunta
da Presidência no governo.
Luiz Francisco diz que a filha de
FHC ficaria subordinada ao pai, o
que é vedado. O cargo da mulher
de Palocci está no círculo do Ministério da Saúde. "Não é bonito,
mas são casos distintos", diz.
Questiona-se o fato de o MPF
não ter interpelado o ministro da
Cultura, Gilberto Gil, pelo uso de
avião da FAB no carnaval deste
ano, uma vez que foram instaurados processos contra ministros
do governo FHC pelo uso de aeronave oficial em viagens de lazer.
Para Luiz Francisco, "quem usa
avião da FAB para fins particulares deve ser processado". "O que
deve fazer um ministro da Cultura em uma das maiores festas culturais? Teoricamente, o ministro
deve estar mesmo presente na festa e poderá usar o avião se o uso
for para exercício do cargo."
O ministro dos Transportes no
governo FHC, Eliseu Padilha, foi
alvo de vários processos. Critica-se a falta de iniciativas semelhantes do MPF diante de denúncias
envolvendo o ministro atual, Anderson Adauto. "Os fatos que envolveram Padilha foram bem piores", opina o procurador.
(FV)
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