São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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Dissidentes vão definir resultado

DA REPORTAGEM LOCAL

Os dissidentes do Campo Majoritário no primeiro turno das eleições petistas devem definir o resultado final da sucessão interna do partido. Integrantes do Movimento PT, da candidata Maria do Rosário, ainda acreditavam na sua ida ao segundo turno ontem, mas deixavam claro que, se não permanecer na disputa, a corrente será "o fiel da balança" na definição do novo comando.
"Somos o centro do PT e não abrimos mão do apoio ao governo Lula", disse Romênio Pereira, segundo-vice-presidente do partido e integrante da corrente. ,
Outro grupo que está disposto a conversar tanto com a chamada esquerda petista como com o Campo Majoritário é o Novo Rumo, formado por colaboradores da ex-prefeita Marta Suplicy, como os ex-secretários municipais Rui Falcão e Valdemir Garreta, além do deputado José Mentor. A nova corrente, que liberou o voto de seus membros no primeiro turno, vai se reunir na próxima semana. No segundo turno, vai orientar votos.
É nesse quadro que o Campo Majoritário, de Ricardo Berzoini, e o candidato que for ao segundo turno terão de negociar apoios. A promessa de cargos na composição da nova direção nacional irá determinar alianças.
Com poucas chances de ir ao segundo turno, o candidato Plínio de Arruda Sampaio, da Ação Popular Socialista, também não definiu se apoiará um colega. "Resolvi esperar um pouco para tomar uma decisão", disse. "Para mim, o objetivo de minha campanha foi plenamente atingido. Houve um forte voto de protesto [contra o Campo Majoritário]."
Os candidatos da Democracia Socialista, Raul Pont, e da Articulação de Esquerda, Valter Pomar, apostam na união contra o Campo. "Se for para o segundo turno, vou cobrar o que foi combinado", disse Pont, referindo-se ao acordo prévio fechado entre os candidatos de esquerda. "Ainda não conversamos, mas esperamos uma união com o Plínio", disse o candidato da DS.
Ex-secretário da gestão Marta Suplicy (2001-2004) e um dos responsáveis pela vitória de Pomar em São Paulo, Jilmar Tatto afirmou ontem que manterá o apoio à esquerda petista no segundo turno contra Berzoini, independentemente de o candidato que apoiou no primeiro turno continuar ou não na disputa.
"Não vou fazer leilão. Nosso voto é do Pomar ou da esquerda", disse o ex-secretário de Marta, que foi candidato à presidência estadual do PT -acabou derrotado por Paulo Frateschi, do Campo Majoritário. "Na nossa avaliação, se mantido o Berzoini, o Campo Majoritário vai se rearticular", afirmou Tatto, cuja corrente, PT de Luta e de Massas, deixou o Campo há sete anos, segundo ele. Tatto e seus irmãos, entre eles o vereador de São Paulo Arselino Tatto, têm o controle político sobre a Capela do Socorro, na zona sul de São Paulo. O local foi alvo de denúncias de irregularidades na votação, formuladas principalmente pelo grupo do candidato Plínio de Arruda Sampaio.
Tatto negou ontem ter comandado votos de cabresto. Segundo ele, denúncias do gênero são um "bombardeio calunioso". "Fico triste de o Plínio agir dessa forma leviana", afirmou.
"Se teve [voto de cabresto] não fomos nós que fizemos. É preciso lembrar que o PT de Luta e de Massas é forte na Capela do Socorro."
A região controlada pelos Tatto já virou alvo de contestação formal. Candidato derrotado à presidência do PT municipal, o deputado estadual Simão Pedro entrou com pedido de anulação de uma das urnas da Capela do Socorro na qual foram computados cerca de 600 votos. Ele alega que foram encontradas "diferenças entre o total de votantes com os votos apurados para chapas zonal, municipal, estadual e nacional e para os candidatos concorrentes aos diretórios municipal, estadual e nacional". Foi pedida a recontagem de votos.
"Caso sejam constatadas irregularidades, Simão Pedro pede ainda a impugnação de todas as urnas da Capela do Socorro", diz nota divulgada ontem. (CC)


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