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Após reunião tensa, Garcia assume campanha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O escândalo do dossiê derrubou ontem o presidente do PT,
Ricardo Berzoini, da coordenação da campanha do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Nota divulgada ontem à noite
pela assessoria da campanha
informou que o presidente decidiu indicar seu assessor especial Marco Aurélio Garcia, que
coordenava o programa de governo, para substituir Berzoini.
Lula decidiu também pedir o
afastamento de Oswaldo Bargas da campanha petista. Ele
comandava o grupo que participou da tentativa de compra
do dossiê contra os tucanos.
São até aqui seis petistas
afastados de postos de comando desde que a crise começou.
Além de Berzoini e Bargas, caíram Jorge Lorenzetti (chefe do
setor de inteligência da campanha), Hamilton Lacerda (coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo
paulista), Expedito Veloso (da
diretoria do Banco do Brasil) e
Freud Godoy (assessor da Presidência da República).
Por volta do meio-dia, em
reunião tensa, o presidente havia dito a Berzoini, que quer ver
a Polícia Federal "colocar algemas" nos responsáveis pela
tentativa de compra de dossiê
contra o candidato do PSDB ao
governo paulista, José Serra.
Lula afirmou ainda que não
deixará que a oposição "faça
Carnaval" com o caso para tentar prejudicar sua reeleição e a
governabilidade do eventual
segundo mandato. Disse que
orientara o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, a cobrar da PF rápida solução e que
não aceitará ser vinculado à
tentativa de compra.
Presente à reunião, o marqueteiro de Lula, João Santana,
apresentou pesquisas de uso
interno demonstrando que a
crise não estava tendo efeitos
negativos sobre as chances de
vitória já no primeiro turno. O
escândalo teria afetado mais o
partido que o presidente.
Depois, Berzoini foi chamado à noite para uma nova reunião com Lula na qual seria comunicado da decisão de tirá-lo
do comando da campanha. Na
saída do primeiro encontro, havia afastado a hipótese de sair.
O petista caiu porque a cúpula do governo avalia que ele teve ciência de que auxiliares tentaram comprar um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra.
As explicações de Berzoini
foram consideradas insuficientes por Lula e auxiliares, que
preferiram afastá-lo a fim de
evitar que o escândalo contamine a chance de o presidente
se reeleger em primeiro turno
no próximo dia 1º de outubro.
Ao longo da tarde de ontem, o
próprio Berzoini admitiu a
membros do comitê que cometera um erro que poderia lhe
custar o cargo.
Logo de manhã, Lula e auxiliares aventaram a possibilidade de Garcia substituir Berzoini. Houve também sugestão para que o deputado federal José
Pimentel (PT-CE) assumisse o
posto. Pimentel, sondado, disse
que tinha dificuldades para se
eleger.
A situação de Berzoini se fragilizou bastante desde que ele
foi obrigado a admitir que tinha
conhecimento de que Lorenzetti e Bargas tentaram divulgar à imprensa um dossiê contra Serra. Berzoini nega que
soubesse do teor do dossiê, mas
membros da campanha ouvidos pela Folha afirmam que isso não é verdade.
(EDUARDO SCOLESE, PEDRO DIAS LEITE, ELIANE CANTANHÊDE, VALDO CRUZ E KENNEDY ALENCAR)
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