São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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Após reunião tensa, Garcia assume campanha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O escândalo do dossiê derrubou ontem o presidente do PT, Ricardo Berzoini, da coordenação da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nota divulgada ontem à noite pela assessoria da campanha informou que o presidente decidiu indicar seu assessor especial Marco Aurélio Garcia, que coordenava o programa de governo, para substituir Berzoini.
Lula decidiu também pedir o afastamento de Oswaldo Bargas da campanha petista. Ele comandava o grupo que participou da tentativa de compra do dossiê contra os tucanos.
São até aqui seis petistas afastados de postos de comando desde que a crise começou. Além de Berzoini e Bargas, caíram Jorge Lorenzetti (chefe do setor de inteligência da campanha), Hamilton Lacerda (coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo paulista), Expedito Veloso (da diretoria do Banco do Brasil) e Freud Godoy (assessor da Presidência da República).
Por volta do meio-dia, em reunião tensa, o presidente havia dito a Berzoini, que quer ver a Polícia Federal "colocar algemas" nos responsáveis pela tentativa de compra de dossiê contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra.
Lula afirmou ainda que não deixará que a oposição "faça Carnaval" com o caso para tentar prejudicar sua reeleição e a governabilidade do eventual segundo mandato. Disse que orientara o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a cobrar da PF rápida solução e que não aceitará ser vinculado à tentativa de compra.
Presente à reunião, o marqueteiro de Lula, João Santana, apresentou pesquisas de uso interno demonstrando que a crise não estava tendo efeitos negativos sobre as chances de vitória já no primeiro turno. O escândalo teria afetado mais o partido que o presidente.
Depois, Berzoini foi chamado à noite para uma nova reunião com Lula na qual seria comunicado da decisão de tirá-lo do comando da campanha. Na saída do primeiro encontro, havia afastado a hipótese de sair.
O petista caiu porque a cúpula do governo avalia que ele teve ciência de que auxiliares tentaram comprar um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra.
As explicações de Berzoini foram consideradas insuficientes por Lula e auxiliares, que preferiram afastá-lo a fim de evitar que o escândalo contamine a chance de o presidente se reeleger em primeiro turno no próximo dia 1º de outubro.
Ao longo da tarde de ontem, o próprio Berzoini admitiu a membros do comitê que cometera um erro que poderia lhe custar o cargo.
Logo de manhã, Lula e auxiliares aventaram a possibilidade de Garcia substituir Berzoini. Houve também sugestão para que o deputado federal José Pimentel (PT-CE) assumisse o posto. Pimentel, sondado, disse que tinha dificuldades para se eleger.
A situação de Berzoini se fragilizou bastante desde que ele foi obrigado a admitir que tinha conhecimento de que Lorenzetti e Bargas tentaram divulgar à imprensa um dossiê contra Serra. Berzoini nega que soubesse do teor do dossiê, mas membros da campanha ouvidos pela Folha afirmam que isso não é verdade. (EDUARDO SCOLESE, PEDRO DIAS LEITE, ELIANE CANTANHÊDE, VALDO CRUZ E KENNEDY ALENCAR)

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