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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Senador quer criar CPI sobre dossiê
Requerimento para apurar uso de dinheiro público na compra de material tem 7 das 27 assinaturas necessárias
Pefelista quer investigar se verba do governo federal, repassada a ONG ligada a petista, custearia denúncia contra candidatos do PSDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Heráclito Fortes
(PFL-PI) começou a recolher
ontem assinaturas para a criação de uma CPI para investigar
a origem do dinheiro para a
compra de um dossiê contra os
tucanos José Serra e Barjas Negri, ex-ministros da Saúde. A
operação que envolveu vários
petistas da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
teria custado R$ 1,7 milhão.
"Há fortes suspeitas de que
esse dinheiro seja oriundo dos
cofres públicos", afirmou Heráclito. "É uma verdadeira quadrilha instalada no Palácio do
Planalto", disse o pefelista, que
é um dos coordenadores da
campanha de Geraldo Alckmin
(PSDB) à Presidência.
O senador obteve ontem sete
assinaturas -são necessárias
27 para criar uma CPI no Senado. Além dele, subscreveram o
requerimento os pefelistas César Borges (BA), Romeu Tuma
(SP) e Marco Maciel (PE), o tucano Marcos Guerra (ES) e
João Alberto (MA) e Almeida
Lima (SE), ambos do PMDB.
O requerimento cita como
um dos indícios de uso de recurso público na operação o repasse de R$ 4,1 milhões do Ministério do Trabalho para a
Unitrabalho. O dinheiro foi liberado no dia 14 -um dia antes
da apreensão de R$ 1,7 milhão
em São Paulo -valor que seria
usado para pagar o dossiê.
Essa fundação tem entre
seus colaboradores o petista
Jorge Lorenzetti, apontado como intermediário da negociação do dossiê. A Unitrabalho
nega envolvimento no caso.
De 1996 a 2002, no governo
FHC, a fundação recebeu um
montante de R$ 840,5 mil. De
2003 até este ano, obteve através de convênios R$ 18,5 milhões dos cofres públicos, segundo o site Contas Abertas.
A CPI dos Sanguessugas também pretende investigar a possibilidade de a compra do dossiê antitucano ter sido financiada com recurso da Unitrabalho.
"A origem do dinheiro para a
compra do dossiê tem de ser
apurada", disse o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ),
presidente da comissão, quando indagado sobre os repasses
do governo federal à ONG. Ele
defende também que o conteúdo do dossiê contra os tucanos
seja analisado pela comissão.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), da CPI, afirmou estar apurando a relação do Ministério da Ciência e Tecnologia com a Unitrabalho. "Estou
olhando para ver como o dinheiro chegou e as circunstâncias dos convênios, que eram
para a área de inclusão social."
A líder do PT, senadora Ideli
Salvatti (SC), tentou, durante
discurso no plenário, isolar o
presidente Lula da crise, afirmando que ele não seria beneficiado eleitoralmente pelo dossiê e que não foi omisso, já que a
PF teria desbaratado o esquema.
(FERNANDA KRAKOVICS, RANIER BRAGON E ADRIANO CEOLIN)
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