São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Senador quer criar CPI sobre dossiê

Requerimento para apurar uso de dinheiro público na compra de material tem 7 das 27 assinaturas necessárias

Pefelista quer investigar se verba do governo federal, repassada a ONG ligada a petista, custearia denúncia contra candidatos do PSDB


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) começou a recolher ontem assinaturas para a criação de uma CPI para investigar a origem do dinheiro para a compra de um dossiê contra os tucanos José Serra e Barjas Negri, ex-ministros da Saúde. A operação que envolveu vários petistas da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria custado R$ 1,7 milhão.
"Há fortes suspeitas de que esse dinheiro seja oriundo dos cofres públicos", afirmou Heráclito. "É uma verdadeira quadrilha instalada no Palácio do Planalto", disse o pefelista, que é um dos coordenadores da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência.
O senador obteve ontem sete assinaturas -são necessárias 27 para criar uma CPI no Senado. Além dele, subscreveram o requerimento os pefelistas César Borges (BA), Romeu Tuma (SP) e Marco Maciel (PE), o tucano Marcos Guerra (ES) e João Alberto (MA) e Almeida Lima (SE), ambos do PMDB.
O requerimento cita como um dos indícios de uso de recurso público na operação o repasse de R$ 4,1 milhões do Ministério do Trabalho para a Unitrabalho. O dinheiro foi liberado no dia 14 -um dia antes da apreensão de R$ 1,7 milhão em São Paulo -valor que seria usado para pagar o dossiê.
Essa fundação tem entre seus colaboradores o petista Jorge Lorenzetti, apontado como intermediário da negociação do dossiê. A Unitrabalho nega envolvimento no caso.
De 1996 a 2002, no governo FHC, a fundação recebeu um montante de R$ 840,5 mil. De 2003 até este ano, obteve através de convênios R$ 18,5 milhões dos cofres públicos, segundo o site Contas Abertas.
A CPI dos Sanguessugas também pretende investigar a possibilidade de a compra do dossiê antitucano ter sido financiada com recurso da Unitrabalho.
"A origem do dinheiro para a compra do dossiê tem de ser apurada", disse o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), presidente da comissão, quando indagado sobre os repasses do governo federal à ONG. Ele defende também que o conteúdo do dossiê contra os tucanos seja analisado pela comissão.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), da CPI, afirmou estar apurando a relação do Ministério da Ciência e Tecnologia com a Unitrabalho. "Estou olhando para ver como o dinheiro chegou e as circunstâncias dos convênios, que eram para a área de inclusão social."
A líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), tentou, durante discurso no plenário, isolar o presidente Lula da crise, afirmando que ele não seria beneficiado eleitoralmente pelo dossiê e que não foi omisso, já que a PF teria desbaratado o esquema. (FERNANDA KRAKOVICS, RANIER BRAGON E ADRIANO CEOLIN)

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