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Ministros saem em defesa da colega
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Os ministros Guido Mantega
(Planejamento) e Ciro Gomes
(Integração Nacional) e o vice-presidente da República, José
Alencar, saíram ontem em defesa
da ministra Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social).
No final de setembro, ela viajou
à Argentina para participar de
uma reunião evangélica. Acusada
de fazer a viagem à custa dos cofres públicos, Benedita só agendou uma reunião com a ministra
de Desenvolvimento Social da Argentina, Alicia Kirchner, na véspera do encontro.
"Fizeram tempestade em copo
d'água", afirmou Mantega ontem,
antes do lançamento do programa Bolsa-Família, do qual Benedita também participou. "Agora
ela vai fazer o pagamento e depois
vai discutir se tinha razão ou não.
Com isso, não haverá problema
nem prejuízo para ninguém."
A declaração do ministro foi feita antes de Benedita anunciar, ontem à noite, que pagará R$
4.676,38 pela sua passagem e a de
uma assessora a Buenos Aires.
Ciro Gomes afirmou que, independentemente da posição do
Conselho de Ética Pública, que
analisa a viagem da ministra, ele
"bancaria politicamente" a colega
da Esplanada. Na semana passada, a comissão recomendou à ministra que devolvesse o dinheiro.
"Não estou fazendo juízo de valor. O Conselho de Ética é livre.
Entendeu lá, eticamente, o que
achava que deveria ser. Eu, politicamente, bancaria a Benedita e
fim de papo", afirmou o ministro
ontem à tarde, após fazer uma série de exames médicos de rotina
numa clínica em Belo Horizonte.
Em São Paulo, José Alencar
mais uma vez assumiu a culpa pela polêmica -foi ele, como presidente interino, quem assinou a
autorização para que Benedita
viajasse a Buenos Aires para participar do encontro evangélico.
Disse que o episódio deverá servir
de lição para outros ministros.
"Esse episódio serve para que,
daqui por diante, haja um cuidado maior por parte daqueles que
assinam as autorizações e por
parte dos próprios ministros que
viajam para o exterior", afirmou.
Novas viagens de ministros para o exterior, segundo o vice, vão
continuar, mas haverá um cuidado maior. Benedita atribuiu a polêmica a um "erro de ofício" que,
segundo ela, foi exagerado pela
imprensa. O erro, diz a ministra,
foi a autorização publicada no
"Diário Oficial" da União ter
mencionado só o evento religioso.
Mantega, Ciro e Alencar dizem
que o episódio não mancha a
imagem do governo.
Além de dizer que falar na demissão da ministra é "um exagero
de quem está querendo colocar
cabelo em ovo", Ciro Gomes, sem
citar nomes, atacou os setores
que, para ele, buscam achar "escândalos" no governo Lula a partir desse caso.
"Tomamos o governo quando a
corrupção, a ladroeira, a fisiologia, o clientelismo eram praticamente as marcas dominantes. E
tudo que esses setores engajados
na safadeza no Brasil, com sua influência modesta ou larga na imprensa de São Paulo, conseguem
identificar como escândalo é o fato de uma ministra, na condição
de ministra, ter sido convidada
para ir a um evento ou conjunto
de eventos na Argentina", disse.
Para Guido Mantega, o caso não
atrapalha o desempenho de Benedita no ministério nem pode ser
classificado de "constrangedor".
Na opinião de Alencar, a controvérsia não afetou a imagem do
governo, mesmo depois de a ministra ter sido hostilizada durante
um evento acompanhado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva -anteontem, num show de
Paulinho da Viola e da Velha
Guarda da Portela, a platéia pediu
aos gritos que Benedita devolvesse o dinheiro.
"O presidente mesmo já falou:
esse assunto está encerrado. Essa
história não irá afetar a imagem
do governo", afirmou o vice-presidente.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI, LUCIANA CONSTANTINO E PAULO PEIXOTO)
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