São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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Durante inauguração, presidente diz que não pode "falar de política"

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou falar da disputa eleitoral em São Paulo na sua primeira visita à cidade no período do segundo turno. "Eu não posso falar de política e eu não vou falar", disse ao participar ontem da inauguração de um Centro de Especialidade Odontológica, em Campo Limpo (zona sul de SP).
Na campanha para o primeiro turno, Lula inaugurou o prolongamento da avenida Radial Leste, sem a presença da hoje prefeita licenciada Marta Suplicy (PT), e pediu votos para a reeleição da petista. Por isso, o presidente foi multado em R$ 50 mil em primeira instância judicial.
Subprefeitos e o secretário da Saúde, Gonzalo Vecina, porém, não perderam a oportunidade ontem de agradecer a Lula às "importantes parcerias" entre os governos federal e municipal, em clara alusão ao discurso de Marta, que repete que suas boas relações com o presidente poderão beneficiar a cidade, caso ela se reeleja.
O presidente participou da inauguração de um dos sete centros de atendimento odontológico abertos ontem em São Paulo. Eles fazem parte do projeto "Brasil Sorridente", lançado em março pelo governo. A inauguração dos centros em que Lula não estava presente foi transmitida ao vivo, por um telão, durante o evento em Campo Limpo. As unidades foram inauguradas pelos respectivos subprefeitos. Cada um fez um discurso rápido. Quatro mencionaram "o apoio do presidente a essa importante parceria com a gestão da prefeita Marta Suplicy".
Vecina, que discursou antes de Lula, além de agradecer ao apoio do governo federal, fez o pronunciamento mais exaltado. "Estão falando em apagão da saúde. Apagão foi uma palavra inventada, vocês sabem por quem e por qual motivo", afirmou, em referência à crise do setor elétrico em 2001, durante o governo FHC.
O presidente, que falou de improviso, lembrou que problemas com a dentição atrapalham os jovens no mercado de trabalho. Brincando, disse ser difícil até namorar quando se perde parte dos dentes. "Vejo, em muitos lugares desse país, meninas de 15 anos sem nenhum dente na boca."
Para Lula, o custo dos serviços odontológicos os tornam inacessíveis para a maioria da população. O presidente afirmou que o "Brasil Sorridente" dará às pessoas de baixa renda o direito à saúde bucal. "Se o povo [no mundo] já gosta de nós [brasileiros] agora, imagina como será quando estivermos de boca nova", disse.
O projeto prevê o repasse de verbas federais aos municípios para a instalação e o custeio de unidades para tratamento odontológico. A previsão é gastar R$ 1,3 bilhão até o final de 2006.


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