KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, preparou uma agenda especial para sua visita à Argentina no dia 2 de dezembro, incluindo um pronunciamento à população daquele país, para tentar formar uma aliança tática com o governo argentino nas negociações sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Em encontro com a cúpula petista anteontem à noite na Granja do Torto, onde despacha em Brasília, Lula decidiu que no pronunciamento aos argentinos dirá que os dois países devem ter uma aliança prioritária a fim de reforçar o Mercosul e de poder fazer uma negociação conjunta sobre a Alca. Afirmará que, ao tomar decisões no Brasil, levará em conta os interesses argentinos e os efeitos na economia do país vizinho.
Lula visitará o presidente Eduardo Duhalde, o Congresso (a convite dos presidentes da Câmara e do Senado) e a Prefeitura de Buenos Aires. Ele também participará de um encontro com empresários brasileiros e argentinos.
Interessa ao PT uma reaproximação com a Argentina, cuja política externa nos últimos anos esteve mais influenciada por Washington do que por Brasília. O refortalecimento do Mercosul, enfraquecido pela desvalorização cambial brasileira em 1999 e pela crise da economia argentina nos últimos dois anos, é visto como fundamental para o Brasil negociar com os Estados Unidos concessões a fim de integrar a Alca.
Após a Argentina, Lula visitará o Chile, no dia 3 de dezembro. Será recebido pelo presidente Ricardo Lagos. O petista também tem encontro marcado com José Antonio Ocampo, secretário-geral da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) com sede em Santiago. O PT e a Cepal têm um intercâmbio antigo e contínuo.
É possível que Lula também participe de um evento com empresários e políticos chilenos.
Antes de ir aos Estados Unidos, onde se encontrará com o presidente George W. Bush no dia 10 de dezembro, Lula retornará ao Brasil a fim de participar da cúpula do Mercosul. Ele foi convidado por Fernando Henrique Cardoso a estar presente em eventos dessa cúpula, que ocorrerá entre 4 e 6 de dezembro, em Brasília.
Para a visita aos EUA, Lula disse a interlocutores que deseja dar um caráter mais pessoal ao primeiro encontro com Bush. Deve ser feita menção à Alca, mas sem descer a detalhes da agenda de problemas entre EUA e Brasil.
Na visita aos EUA, Lula deverá estar acompanhado do presidente do PT, José Dirceu, e do secretário de Relações Internacionais do partido, Aloizio Mercadante.


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