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SERRA PELADA
Pedido de apoio foi feito pelo governador do Pará, Almir Gabriel; cerca de 200 soldados chegaram à região
Tropas do Exército ocupam o garimpo para evitar conflito
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Uma tropa com pelo menos 600
soldados do Exército ocupou anteontem à noite a área do garimpo
de Serra Pelada, em Curionópolis,
no sudeste do Pará, para tentar
evitar confronto e desarmar grupos rivais de garimpeiros.
Cerca de 200 soldados chegaram ao garimpo às 23h e os demais entraram na área na madrugada de ontem. O Exército deve
permanecer na região até o final
desta semana. O pedido de apoio
militar foi feito por telefone pelo
governador do Estado, Almir Gabriel (PSDB), no domingo, diretamente ao presidente Fernando
Henrique Cardoso.
A ocupação do Exercito pegou
de surpresa os garimpeiros e os
membros de uma comissão formada para intermediar o conflito
em Serra Pelada. O governador
não informou à comissão que havia pedido o apoio do Exercito.
Três grupos rivais de garimpeiros disputam o comando da Coomigasp (Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada) e, com isso, o direito de explorar cem hectares de terra que foram liberados
para a extração de ouro por meio
de um decreto legislativo do Congresso há cerca de três meses.
Estimativas sobre a quantidade
de ouro ainda existente na região
são desencontradas. Grupos de
garimpeiros afirmam que há entre cem toneladas e 500 toneladas
do metal na área. O garimpo começou em 1980 e foi fechado em
1992. O apogeu da exploração de
ouro ocorreu entre 1984 e 1985.
O clima ficou ainda mais tenso
no garimpo após o assassinato do
presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, Antônio Clênio Cunha Lemos, que foi
morto a tiros no sábado na sede
da entidade.
As policias Federal e Militar tiveram que intervir para que Lemos pudesse ser enterrado no cemitério de Curionópolis. A notícia de que o sindicalista teria que
ser enterrado fora do cemitério
gerou revolta entre os garimpeiros e integrantes da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara.
Segundo o presidente da comissão, deputado Orlando Fantazzini
(PT-SP), um coveiro afirmou que
a ordem partiu da prefeitura. O
prefeito Sebastião Curió (PMDB)
era adversário do sindicalista, que
só foi enterrado no interior no cemitério às 20h30. Curió negou
que tenha ordenado que a cova
fosse feita do lado de fora do cemitério. O prefeito será um dos
ouvidos pela polícia no inquérito
que apura a morte do sindicalista,
que havia declarado publicamente que se algo lhe acontecesse seria
responsabilidade de Curió. O prefeito nega o envolvimento.
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