São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 2002

Texto Anterior | Índice

SERRA PELADA

Pedido de apoio foi feito pelo governador do Pará, Almir Gabriel; cerca de 200 soldados chegaram à região

Tropas do Exército ocupam o garimpo para evitar conflito

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Uma tropa com pelo menos 600 soldados do Exército ocupou anteontem à noite a área do garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis, no sudeste do Pará, para tentar evitar confronto e desarmar grupos rivais de garimpeiros.
Cerca de 200 soldados chegaram ao garimpo às 23h e os demais entraram na área na madrugada de ontem. O Exército deve permanecer na região até o final desta semana. O pedido de apoio militar foi feito por telefone pelo governador do Estado, Almir Gabriel (PSDB), no domingo, diretamente ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
A ocupação do Exercito pegou de surpresa os garimpeiros e os membros de uma comissão formada para intermediar o conflito em Serra Pelada. O governador não informou à comissão que havia pedido o apoio do Exercito.
Três grupos rivais de garimpeiros disputam o comando da Coomigasp (Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada) e, com isso, o direito de explorar cem hectares de terra que foram liberados para a extração de ouro por meio de um decreto legislativo do Congresso há cerca de três meses.
Estimativas sobre a quantidade de ouro ainda existente na região são desencontradas. Grupos de garimpeiros afirmam que há entre cem toneladas e 500 toneladas do metal na área. O garimpo começou em 1980 e foi fechado em 1992. O apogeu da exploração de ouro ocorreu entre 1984 e 1985.
O clima ficou ainda mais tenso no garimpo após o assassinato do presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, Antônio Clênio Cunha Lemos, que foi morto a tiros no sábado na sede da entidade.
As policias Federal e Militar tiveram que intervir para que Lemos pudesse ser enterrado no cemitério de Curionópolis. A notícia de que o sindicalista teria que ser enterrado fora do cemitério gerou revolta entre os garimpeiros e integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Segundo o presidente da comissão, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), um coveiro afirmou que a ordem partiu da prefeitura. O prefeito Sebastião Curió (PMDB) era adversário do sindicalista, que só foi enterrado no interior no cemitério às 20h30. Curió negou que tenha ordenado que a cova fosse feita do lado de fora do cemitério. O prefeito será um dos ouvidos pela polícia no inquérito que apura a morte do sindicalista, que havia declarado publicamente que se algo lhe acontecesse seria responsabilidade de Curió. O prefeito nega o envolvimento.


Texto Anterior: Câmara: CCJ aprova criação de senadores vitalícios
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.