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ORÇAMENTO
Sem liberação de recursos, governistas prometem "emperrar" votações
Em troca de apoio, aliados pedem verba
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministros José Dirceu (Casa
Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Guido Mantega (Planejamento) receberam ontem o recado dos líderes aliados na Câmara de que, se não houver a rápida
liberação de verbas relativas às
emendas parlamentares dos governistas, a pauta de votações do
fim do ano pode emperrar.
Os ministros haviam convocado a reunião para pedir o empenho dos aliados nas votações consideradas prioritárias, como a do
Orçamento 2004 e da prorrogação da alíquota de 27,5% do Imposto de Renda, mas ouviram, em
resposta, que é impossível segurar
a insatisfação na base aliada se o
governo não liberar os recursos.
Liderados pelo deputado Pedro
Henry (MT), líder do PP na Câmara, argumentaram que quase
nada das emendas de 2002 foi
executado, sem falar nas de 2003.
Ficou acertado que os ministros
se reunirão com os deputados novamente na segunda-feira e que
será apresentado um plano de liberação das verbas, mas só as de
2002. Algo entre R$ 300 milhões e
R$ 400 milhões, afirmaram deputados ouvidos pela Folha.
"Esse tema [emendas] sempre
surge. Há preocupação dos congressistas porque as emendas não
têm sido liberadas. Está muito
complicado, pois estamos discutindo o Orçamento de 2004 e está
sendo executado o de 2002", disse
Renildo Calheiros (PC do B-PE),
um dos vice-líderes do governo.
Para se ter uma idéia, foi apresentado ontem pelo deputado
Jorge Bittar (PT-RJ), relator do
Orçamento 2004, o número final
de emendas parlamentares para
2004: R$ 65 bilhões, quase dez vezes o valor reservado no próximo
ano a novos investimentos.
"Isso é absolutamente irrealista,
não tem nenhum significado, nada a ver com o mundo real", afirmou Bittar. O valor reservado no
Orçamento de 2004 é de R$ 2,5 bilhões, o que representa menos de
4% do pretendido pelos congressistas. Devido a isso, a maior parte
das propostas vai ser rejeitada na
elaboração do relatório final, previsto para ir a voto em dezembro.
No encontro com os deputados,
realizado no Palácio do Planalto,
Palocci pediu paciência usando o
argumento de que, segundo ele,
no ano que vem tudo será diferente: a promessa é que todas as
emendas serão cumpridas.
Além do Orçamento e do Imposto de Renda, o projeto de Biossegurança e a medida provisória
da Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social) são outros pontos considerados fundamentais pelo governo.
A expectativa é de aprovação de
tudo até o final do ano
O teor das emendas para o ano
que vem ainda não havia sido divulgado até ontem.
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