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São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2003

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Serra assume o PSDB com críticas a Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Ex-ministro, ex-senador e candidato derrotado ao Planalto em 2002, José Serra assumirá hoje a presidência do PSDB com duras críticas ao governo. Em discurso que ainda redigia ontem, Serra deve reiterar o papel de oposição da sigla, com a ressalva de que não será uma oposição do "quanto pior, melhor", como a do PT.
Serra deve dizer que o PSDB fará uma oposição firme, mas propositiva. O tucano acha que o partido não deve abrir mão de cobrar os erros do governo e denunciar suas falhas. Serra deve também criticar o desempenho de Lula.
A última manifestação política de Serra foi na madrugada de 28 de outubro de 2002. Na ocasião, ele admitiu a derrota para o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso no diretório estadual do PSDB de São Paulo, onde se comemorava a reeleição do governador Geraldo Alckmin.
Sem citar Lula, Serra deu a senha para seu futuro na oposição ao desejar boa sorte ao eleito "no cumprimento das promessas e compromissos de campanha que ele assumiu". Candidato, Serra dizia em conversas informais que gostaria de governar com o PT. Derrotado, fixou-se na oposição, embora mantenha boa interlocução com setores do partido de Lula -"a minha bancada no PT", como o tucano costuma dizer.
O discurso duro que o PSDB assumirá com a posse de Serra já pôde ser sentido na noite de anteontem, em um jantar de despedida de José Aníbal, que deixa a presidência do partido, na casa do senador Eduardo Azeredo (MG).
Aníbal fez seu discurso na linha de que, passado um ano da eleição, a população já se arrepende de ter colocado Lula na Presidência, em vez de Serra. Já Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder do partido no Senado, foi mais agudo: "Eles não fizeram nada em cem dias, não farão nada em 365 dias nem em quatro anos. O pouco que fizeram na economia foi culpa da bela herança que receberam e dos nossos gritos na oposição".
Afirmando estar cansado, Serra preferiu não discursar: "A festa é do Zé Aníbal". Na realidade, Serra atendia a uma recomendação de Eduardo Azeredo, anfitrião do encontro, para quem o candidato derrotado à Presidência deveria preservar o impacto do discurso a ser pronunciado hoje.
Além do atual e do futuro presidente do PSDB, estiveram no jantar dos tucanos o governador Marconi Perillo (GO), o senador Tasso Jereissati (CE) e a maior parte das bancadas do partido na Câmara e no Senado. A convenção do PSDB terá chapa única, encabeçada por Serra, que será eleito para um mandato de dois anos.
Ontem, Tasso afirmou ontem que o governo Lula tem "adoração" pelo fisiologismo e que essa prática pela gestão petista é um convite à corrupção e à ineficiência: "Temos um Estado com gastos gigantescos, ineficiente, em que predomina uma política fisiológica que se retroalimenta. Infelizmente, parece que o PT está gostando mais do fisiologismo que os outros", disse Tasso. "Estão se tornando mestres em lidar com isso (o fisiologismo)". (RAYMUNDO COSTA e OTÁVIO CABRAL)


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