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Serra assume
o PSDB com
críticas a Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Ex-ministro, ex-senador e candidato derrotado ao Planalto em
2002, José Serra assumirá hoje a
presidência do PSDB com duras
críticas ao governo. Em discurso
que ainda redigia ontem, Serra
deve reiterar o papel de oposição
da sigla, com a ressalva de que não
será uma oposição do "quanto
pior, melhor", como a do PT.
Serra deve dizer que o PSDB fará uma oposição firme, mas propositiva. O tucano acha que o partido não deve abrir mão de cobrar
os erros do governo e denunciar
suas falhas. Serra deve também
criticar o desempenho de Lula.
A última manifestação política
de Serra foi na madrugada de 28
de outubro de 2002. Na ocasião,
ele admitiu a derrota para o então
presidente eleito Luiz Inácio Lula
da Silva, em discurso no diretório
estadual do PSDB de São Paulo,
onde se comemorava a reeleição
do governador Geraldo Alckmin.
Sem citar Lula, Serra deu a senha para seu futuro na oposição
ao desejar boa sorte ao eleito "no
cumprimento das promessas e
compromissos de campanha que
ele assumiu". Candidato, Serra dizia em conversas informais que
gostaria de governar com o PT.
Derrotado, fixou-se na oposição,
embora mantenha boa interlocução com setores do partido de Lula -"a minha bancada no PT",
como o tucano costuma dizer.
O discurso duro que o PSDB assumirá com a posse de Serra já
pôde ser sentido na noite de anteontem, em um jantar de despedida de José Aníbal, que deixa a
presidência do partido, na casa do
senador Eduardo Azeredo (MG).
Aníbal fez seu discurso na linha
de que, passado um ano da eleição, a população já se arrepende
de ter colocado Lula na Presidência, em vez de Serra. Já Arthur
Virgílio (PSDB-AM), líder do partido no Senado, foi mais agudo:
"Eles não fizeram nada em cem
dias, não farão nada em 365 dias
nem em quatro anos. O pouco
que fizeram na economia foi culpa da bela herança que receberam
e dos nossos gritos na oposição".
Afirmando estar cansado, Serra
preferiu não discursar: "A festa é
do Zé Aníbal". Na realidade, Serra
atendia a uma recomendação de
Eduardo Azeredo, anfitrião do
encontro, para quem o candidato
derrotado à Presidência deveria
preservar o impacto do discurso a
ser pronunciado hoje.
Além do atual e do futuro presidente do PSDB, estiveram no jantar dos tucanos o governador
Marconi Perillo (GO), o senador
Tasso Jereissati (CE) e a maior
parte das bancadas do partido na
Câmara e no Senado. A convenção do PSDB terá chapa única, encabeçada por Serra, que será eleito para um mandato de dois anos.
Ontem, Tasso afirmou ontem
que o governo Lula tem "adoração" pelo fisiologismo e que essa
prática pela gestão petista é um
convite à corrupção e à ineficiência: "Temos um Estado com gastos gigantescos, ineficiente, em
que predomina uma política fisiológica que se retroalimenta. Infelizmente, parece que o PT está
gostando mais do fisiologismo
que os outros", disse Tasso. "Estão se tornando mestres em lidar
com isso (o fisiologismo)".
(RAYMUNDO COSTA e OTÁVIO CABRAL)
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