São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Em marcha

A data foi ignorada por "Fantástico" e "Bom Dia Brasil" e ganhou duas frases no "Hoje", editado em São Paulo. No "SPTV", pouco mais. A rádio Jovem Pan foi além. A notícia era "manifestação interdita a avenida Paulista", "há congestionamento" etc.
Para contraste, na Folha Online, foi manchete pela manhã e submanchete à tarde, "Marcha do Dia da Consciência Negra reúne 12 mil". E, "de acordo com a CET, não havia lentidão nas proximidades".
 
A BBC Brasil noticiou, de Londres, que o Unicef marcou a data com a divulgação de novos dados sobre "a dupla fragilidade das crianças negras no Brasil".
Coisas como "65% dos 2,6 milhões de adolescentes de 10 a 15 anos trabalhando no Brasil são negros". Ou, das "400 mil meninas (crianças e adolescentes) trabalhando como domésticas, 98% são negras".
 
No fim, entrou no "Jornal Nacional", mas com destaque para "homenagens a Zumbi em Alagoas".

CAOS VIRA ROTINA

Abrindo a escalada de manchetes do "Jornal Nacional":
- Uma cena se repete nos aeroportos. Passageiros submetidos à tortura dos vôos atrasados. Uma situação que se repete nos gabinetes. As explicações para o caos.
"Caos" também na Record, no SBT e na Band, a seguir:
- Caos vira rotina e aeroportos vivem mais um dia de crise. Em Curitiba, passageiros revoltados invadem pista.

NA MODA

Christian Tragui/Ropi/Rea - lemonde.fr/Reprodução
Na legenda da foto do "Le Monde", "de todas as idades e com formas generosas, rompem com os cânones da beleza"


"No Brasil, as prostitutas estão na moda", diz o título do parisiense "Le Monde", edição do fim de semana. É da grife de moda Daspu ("des putes", na versão do jornal) que trata a reportagem, assinada por três jornalistas.
Para além da moda, o "Le Monde" sublinha que a grife foi lançada pela Davida, uma entidade do Rio que "luta pelo reconhecimento da prostituição como uma atividade profissional". Isso, num "país conservador" em que "as prostitutas não têm direito nenhum", de Previdência ou qualquer outro, "não são cidadãos como os outros".

O SALVADOR
Chegou à "New Yorker", para alguns a melhor revista do mundo, o lobby por etanol. O texto ataca o protecionismo dos EUA, com a tarifa de 54 cents por galão cobrada do etanol importado, em favor dos fazendeiros americanos.
Assim, "o novo salvador" contra os preços da gasolina, a dependência da Venezuela e o aquecimento global (o etanol) não pode avançar por lá, como no Brasil. A revista defende pressão sobre o Congresso para acabar com a tarifa que "é má política econômica, energética e externa".

POR EXEMPLO
Também ontem, no site do "Wall Street Journal", George W. Bush, na Indonésia, dizia de seu "grande apoio" e de como "as tecnologias para converter açúcar em etanol estão disponíveis" para todos. "Por exemplo, o Brasil" etc.

CUBA E A ENERGIA
Tem mais etanol. Um "think tank" de Washington soltou relatório que conclui que Cuba "tem potencial para se tornar um jogador maior [major player] em energia global". O blog The Fueling Station, lançado na Flórida quando o irmão de Bush, Jeb, priorizou o etanol, explicou que "em teoria Cuba pode se tornar um grande fornecedor para o sudeste americano". Depende de investimento que pode vir da "excelente relação em especial" com o Brasil.

DOHA NÃO MORREU
O "WSJ", em reportagens no jornal e no site, destacou, com ironia, que "então as notícias sobre morte de Doha eram prematuras, afinal". As negociações de liberalização comercial ressuscitaram no fim de semana com encontros das organizações Apec (EUA, China etc.) e G20 (Brasil etc.).

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@ - Nelson de Sá


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