DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um teve o Plano Real. O outro, recessão e arrocho. Ambos terminaram empatados em popularidade depois de um ano na cadeira de presidente. Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) terminou seus primeiros 12 meses de mandato sendo aprovado por 41% do eleitorado. Lula chega ao mesmo período com 42%.
Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, Lula e FHC estão empatados.
Outros presidentes eleitos pós-regime militar não tiveram a mesma sorte. Fernando Collor (1990-1992) tinha 23% de aprovação após um ano no Planalto. Itamar Franco (1992-1994) registrava meros 12%. FHC também não repetiu o desempenho em seu segundo mandato: no final de 1999, estava aprovado por apenas 16%.
Na opinião do diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, é "apenas uma coincidência" que FHC e Lula tenham um desempenho tão semelhante: "A conjuntura é muito diferente, muito mais desfavorável ao presidente Lula".
Acostumado a acompanhar pesquisas, Paulino acredita que "a cultura política do brasileiro" tem aumentado: "A eleição regular faz com que a política se torne um assunto do cotidiano. A cada dois anos o brasileiro presta mais atenção nesse assunto", declara.
Haveria uma relação entre o aumento da cultura política e a paciência do eleitorado? Mauro Paulino responde que sim: "Pode ser mais uma vantagem comparativa do presidente Lula. O eleitorado está mais paciente e aguarda um pouco mais para que ele apresente os resultados prometidos".
O fato é que a conjuntura econômica está hoje muito pior do que em 1995. Apesar disso, para 51%, Lula faz um governo melhor do que o de FHC. É possível que os entrevistados se lembrem mais do segundo mandato de FHC do que de 1995. Em dezembro daquele ano, o Datafolha perguntou aos eleitores se naquele ano suas vidas pessoais estavam melhores ou piores do que em 1994. Para 58%, a vida tinha melhorado. Neste ano, o Datafolha refez a pergunta: 47% disseram estarem hoje melhores do que em 2002. (FR)



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