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DESGASTE PRECOCE
Ministro diz que experiências de municípios estão sendo levadas em conta na implementação do Fome Zero
Graziano defende projeto e refuta Marta
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Combate à Fome
e da Segurança Alimentar, José
Graziano, considerou injustas as
críticas feitas anteontem pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy,
na reunião da Executiva do PT.
Para Marta, Graziano não estaria
ouvindo a sociedade de modo
adequado, além de envolver o governo em polêmicas desnecessárias e desprezar experiências do
PT de combate à fome.
Segundo o ministro manifestou
a pessoas próximas, o grande volume de trabalho na implementação do Fome Zero, programa
considerado prioritário pelo governo, acaba obrigando-o a ser seletivo em sua agenda, dividindo-se entre contatos com movimentos sociais, entidades de classe,
políticos e prefeituras.
Mesmo assim, defendeu-se
Graziano, experiências de municípios, não apenas do PT, vêm
sendo levadas em conta. Prova
disso seria o convênio firmado
ontem com a Frente Nacional de
Prefeitos e a Confederação Nacional de Municípios.
As críticas da prefeita foram feitas no início da reunião petista de
anteontem, em aparte a uma intervenção do senador Eduardo
Suplicy (SP), seu ex-marido.
"Fome Zero paralelo"
O senador informava aos integrantes da Executiva que levara
ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva proposta de uma espécie de
"Fome Zero paralelo", em que famílias carentes de duas cidades
nordestinas receberiam benefícios em dinheiro sem vinculação
com gastos em alimentação.
Suplicy declarou que, depois de
alguns meses, seria feita uma
comparação entre sua sugestão e
o programa oficial -com vinculação a alimentos-, para saber
qual é mais eficiente.
Marta, então, interrompeu o senador. Defendendo seu modelo, e
não o de Graziano, afirmou que
Suplicy, "como sempre", estava
sendo "diplomático e construtivo" demais. E disse que não era
preciso fazer nenhuma comparação para saber qual a melhor forma de ação -segundo a prefeita,
é a do senador.
Em seguida, Marta queixou-se
da crise ocorrida devido ao suposto veto do ministro à participação
de d. Mauro Morelli, bispo de Duque de Caxias (RJ), no Fome Zero.
E lembrou que experiências do
partido, como a do cartão eletrônico distribuído pela Prefeitura de
São Paulo, não estavam sendo levadas em conta.
O nome de d. Mauro Morelli foi
levado ao presidente Lula em dezembro como sugestão para presidir o Consea (Conselho de Segurança Alimentar) pelo seu assessor especial Frei Betto. Mas Lula
ainda não definiu quem presidirá
a instância, que deverá ter algo
próximo de 25 pessoas, além de
cinco ministros. Os nomes deverão ser apresentados oficialmente
no dia 30 de janeiro.
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