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São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 2003

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DESGASTE PRECOCE

Presidente se reúne com ministro dos Transportes, que é alvo de acusações, e diz que ele fica no cargo

Lula atribui missão moralizadora a Adauto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem à noite que o ministro Anderson Adauto (Transportes) permanecerá no cargo, após reunião de 40 minutos entre os dois. "O ministro continua ministro e vai combater a corrupção", declarou Lula, ao chegar ao Palácio do Alvorada.
Durante o dia, o Planalto e políticos aliados negaram a saída de Adauto, acusado de envolvimento em irregularidades na Prefeitura de Iturama (MG).
Em uma entrevista relâmpago, às 22h, o porta-voz da Presidência, André Singer, declarou que Lula, no encontro, disse a Adauto que é sua função a moralização da pasta dos Transportes, marcada por acusações de corrupção no governo anterior. "O presidente da República reafirmou a missão confiada ao ministro de moralizar o Ministério dos Transportes no Brasil", disse Singer.
De acordo com o porta-voz, a reunião com o ministro só tratou de questões relativas à pasta. "O ministro Anderson Adauto teve um despacho com o presidente em que tratou de assuntos como os investimentos em obras viárias, conclusão de estradas, participação do Exército na recuperação da malha viária e a situação dos portos no Brasil", disse.
Adauto deixou o Planalto no carro do vice-presidente, José Alencar (PL). Ambos dirigiram-se à residência oficial de Alencar, o Palácio do Jaburu, para jantar.
Mais cedo, Singer já havia declarado que "não está na pauta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a substituição de ministros". Segundo ele, a declaração é "peremptória e clara em si mesma".
Em defesa do ministro, o presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), disse ontem que foi informado sobre as denúncias há um mês e meio. Ele teria investigado tudo e concluído que Adauto não teve participação no suposto desvio de recursos.
O deputado afirmou que entregou cópias do dossiê sobre Iturama a um assessor do então deputado José Dirceu (PT), atual ministro-chefe da Casa Civil, dias antes da posse de Adauto. A assessoria da Casa Civil afirmou que Dirceu não recebeu nenhum documento referente às a acusações.
Ontem, Costa Neto mostrou documento enviado pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais ao Tribunal de Justiça do Estado que inocenta Adauto.
"Assim, ante a evidência de não-participação do deputado Anderson Adauto Pereira nas irregularidades em tese ocorridas na administração da Prefeitura Municipal de Iturama na gestão 1993/1996, requer o Ministério Público o arquivamento dos autos em relação ao citado deputado estadual", diz o ofício de 19 de junho de 2001.
Segundo o Ministério Público, "a única ligação do deputado Anderson Adauto com os fatos em apuração se restringe à locação das salas onde antes situaram as sedes das empresas acima mencionadas [Construtora Triângulo, Líder Engenharia e Coem]. Ora, tal fato não o liga a ilícito algum".
Costa Neto disse que a denúncia surgiu quando o PL de Iturama tentou impedir o ingresso no partido do suplente de senador Aelton de Freitas, que assumiu a vaga de José Alencar no Senado. Ainda no PMDB, Freitas foi prefeito de Iturama quando aconteceram as supostas irregularidades.
"Investiguei tudo e vi que não tinha nada. O Ministério Público arquivou tudo. Boto a mão no fogo pelo ministro. Mas eu destituí a direção do PL em Iturama e entreguei o partido ao senador Aelton. Eles não aceitaram e ficaram divulgando esse dossiê para a imprensa", contou Costa Neto.


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