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DESGASTE PRECOCE
Presidente se reúne com ministro dos Transportes, que é alvo de acusações, e diz que ele fica no cargo
Lula atribui missão moralizadora a Adauto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou ontem à noite
que o ministro Anderson Adauto
(Transportes) permanecerá no
cargo, após reunião de 40 minutos entre os dois. "O ministro continua ministro e vai combater a
corrupção", declarou Lula, ao
chegar ao Palácio do Alvorada.
Durante o dia, o Planalto e políticos aliados negaram a saída de
Adauto, acusado de envolvimento em irregularidades na Prefeitura de Iturama (MG).
Em uma entrevista relâmpago,
às 22h, o porta-voz da Presidência, André Singer, declarou que
Lula, no encontro, disse a Adauto
que é sua função a moralização da
pasta dos Transportes, marcada
por acusações de corrupção no
governo anterior. "O presidente
da República reafirmou a missão
confiada ao ministro de moralizar
o Ministério dos Transportes no
Brasil", disse Singer.
De acordo com o porta-voz, a
reunião com o ministro só tratou
de questões relativas à pasta. "O
ministro Anderson Adauto teve
um despacho com o presidente
em que tratou de assuntos como
os investimentos em obras viárias, conclusão de estradas, participação do Exército na recuperação da malha viária e a situação
dos portos no Brasil", disse.
Adauto deixou o Planalto no
carro do vice-presidente, José
Alencar (PL). Ambos dirigiram-se à residência oficial de Alencar,
o Palácio do Jaburu, para jantar.
Mais cedo, Singer já havia declarado que "não está na pauta do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva a substituição de ministros".
Segundo ele, a declaração é "peremptória e clara em si mesma".
Em defesa do ministro, o presidente nacional do PL, deputado
Valdemar Costa Neto (SP), disse
ontem que foi informado sobre as
denúncias há um mês e meio. Ele
teria investigado tudo e concluído
que Adauto não teve participação
no suposto desvio de recursos.
O deputado afirmou que entregou cópias do dossiê sobre Iturama a um assessor do então deputado José Dirceu (PT), atual ministro-chefe da Casa Civil, dias
antes da posse de Adauto. A assessoria da Casa Civil afirmou que
Dirceu não recebeu nenhum documento referente às a acusações.
Ontem, Costa Neto mostrou
documento enviado pelo Ministério Público do Estado de Minas
Gerais ao Tribunal de Justiça do
Estado que inocenta Adauto.
"Assim, ante a evidência de
não-participação do deputado
Anderson Adauto Pereira nas irregularidades em tese ocorridas
na administração da Prefeitura
Municipal de Iturama na gestão
1993/1996, requer o Ministério
Público o arquivamento dos autos em relação ao citado deputado
estadual", diz o ofício de 19 de junho de 2001.
Segundo o Ministério Público,
"a única ligação do deputado Anderson Adauto com os fatos em
apuração se restringe à locação
das salas onde antes situaram as
sedes das empresas acima mencionadas [Construtora Triângulo,
Líder Engenharia e Coem]. Ora,
tal fato não o liga a ilícito algum".
Costa Neto disse que a denúncia
surgiu quando o PL de Iturama
tentou impedir o ingresso no partido do suplente de senador Aelton de Freitas, que assumiu a vaga
de José Alencar no Senado. Ainda
no PMDB, Freitas foi prefeito de
Iturama quando aconteceram as
supostas irregularidades.
"Investiguei tudo e vi que não tinha nada. O Ministério Público
arquivou tudo. Boto a mão no fogo pelo ministro. Mas eu destituí a
direção do PL em Iturama e entreguei o partido ao senador Aelton.
Eles não aceitaram e ficaram divulgando esse dossiê para a imprensa", contou Costa Neto.
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